A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou hoje, segunda-feira, que a proposta dos pais serem envolvidos na avaliação dos docentes está em “cima da mesa” e que vai ser negociada com os vários “parceiros no mundo da educação”.

Sem falar em “cedências”, a ministra disse que a proposta não é definitiva e que o Ministério da Educação (ME) vai “negociar” com os sindicatos o seu conteúdo.

A possibilidade, conhecida no passado sábado, está integrada na negociação que o ME vai ter com os sindicatos no âmbito da revisão do Estatuto da Carreira Docente, que começa hoje, e foi já criticada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE). O Governo quer que o novo Estatuto da Carreira Docente entre em vigor a partir de Janeiro de 2007.

“A proposta do ME é que os pais, individualmente e na medida da sua participação no acompanhamento dos seus educandos na escola, possam dar um contributo para uma avaliação externa da escola e dos professores”, disse hoje Maria de Lurdes Rodrigues, à entrada do Fórum da Maia, onde se realizou o primeiro seminário do Debate Nacional sobre Educação.

A avaliação dos professores pelos pais será, segundo a proposta do ME, tida em conta na progressão na carreira docente.

Em declarações à Agência Lusa, no passado sábado, o secretário-geral da Fenprof, Paulo Sucena, manifestou a oposição da federação afecta à CGTP porque “os pais não têm competência científica” para avaliar os professores, que praticam uma profissão “extremamente complexa do ponto de vista técnico-científico, que não pode ser alvo de avaliação por parte dos pais, porque esta é uma área para que não estão habilitados”.

O secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, esclareceu que os pais não vão avaliar a competência científica mas antes a relação pedagógica com os alunos, explicação que não convenceu Paulo Sucena que afirmou que mesmo a “relação pedagógica é de natureza científica”.

Já o secretário-geral da FNE (afecta à UGT), João Dias da Silva, disse à Lusa: “Não aceitamos que os pais decidam a avaliação dos professores, embora concordemos que devem participar numa avaliação global do sistema educativo”.

“Vejo tranquilamente” as críticas, disse hoje a ministra da Educação. “Temos uns meses à nossa frente para reflectir sobre essa matéria que é muito importante. Convém que os vários parceiros no mundo da educação se envolvam, façam uma reflexão conjunta sobre as propostas que estão em cima da mesa para que no final possamos ter uma proposta de avaliação séria, consequente e, na medida do possível, externa”.

Pedro Rios
Foto: SXC