Depois de um “ano de reflexão”, motivado pelo congelamento dos subsídios atribuídos pelo Instituto das Artes (IA), o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) regressa este mês com um “figurino completamente diferente daquele com que nasceu em 1989”, afirmou hoje, segunda-feira, a directora Isabel Alves Costa, na apresentação do certame. É ainda um evento “contemporâneo e para adultos”, mas quer ser também um festival “onde as fronteiras [entre artes] são cada vez mais ténues”.

O FIMP, que arranca quinta-feira e estende-se até o dia 24 deste mês, tem como tema “O Espaço do Encontro” para “assumir completamente” a vocação “transdisciplinar” que Isabel Alves Costa quer imprimir ao evento. Quer ser um espaço de encontros, não só entre artes, mas também entre “faixas etárias”, “profissionais e amadores”, “escolas artísticas da cidade”, habitantes de “bairros sociais e elites intelectuais”.

A edição de 2006 apresenta, quase sem alterações, o programa idealizado para o ano passado, cancelado devido à indefinição em torno do apoio financeiro do Governo. Em 2004, o FIMP teve apenas três propostas; este ano, há 21 espectáculos, divididos entre o Teatro Rivoli e a Praça D. João I, e 11 intervenções plásticas (sempre na praça, com acesso gratuito).

As novas regras na atribuição de apoios financeiros do IA (através de contratos a quatro anos) permitem à directora do FIMP garantir a edição de 2007, depois do “desfalecimento dos últimos anos”. Mesmo que esta possa ser o último FIM no Rivoli, que deverá conhecer em breve o nome da entidade privada que vai gerir o espaço municipal. “Se não houver Rivoli e Praça D. João I, há, com certeza, outras praças e teatros que nos permitam continuar a realizar este espaço de encontro”, assegurou Isabel Alves Costa, que é também directora artística do Rivoli.

Arranque com festa

O FIMP arranca, às 21h30 de quinta-feira, na Praça D. João I, com a música dos portugueses O’QueStrada, que prometem festa rija, com uma fusão de fado, ska, pop e funaná. A “apoiar” o concerto, estará a “Incrível Tasca Móvel”, uma tasca/instalação que ocupará parte da praça.

No dia seguinte, há “Bal Moderne”, uma “aula de dança” para pessoas sem experiência, a cargo da companhia belga Rosas. O festival encerra com “The Battle of the Terrorists and the Horrorists”, criação eminentemente política de Peter Schumann.

Pedro Rios
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Foto: DR