A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, vai falar com os manifestantes que ocuparam ontem, domingo, pelas 23h, o Teatro Rivoli, no Porto. A garantia foi dada hoje à tarde pelo director da companhia Teatro Plástico, Francisco Alves.

Citada pela TSF, Isabel Pires de Lima afirmou ser “fundamental” “haver garantias de que seja salvaguardado o serviço público”, com gestão privada ou pública, já que o Rivoli “foi feito com dinheiros públicos”.

Apesar de a gestão do Rivoli ser “algo que escapa ao Ministério da Cultura”, a ministra mostrou-se disponível para mediar o conflito actual, se for esse o “entendimento da câmara municipal e do tecido cultural da cidade”.

Algumas dezenas de pessoas passaram a noite no Rivoli contra a intenção da Câmara do Porto de privatizar a gestão do teatro municipal. A “ocupação simbólica” começou depois da peça “Curto-Circuito”, da Teatro Plástico. A autora da peça, Regina Guimarães, associou-se aos protestos, que envolveram também alguns espectadores e actores.

A Câmara encerrou as portas à 1h20 mas os manifestantes decidiram permanecer dentro do Rivoli. A autarquia pediu depois que o protesto terminasse pelas 10h, mas a ordem não teve efeito. Através de um comunicado, a Culturporto, que gere o espaço, proibiu a entrada no edifício dos funcionários até “que a situação se normalize”, invocando “razões de segurança”.

A Plateia – Associação de Profissionais de Artes Cénicas do Porto marcou um protesto frente ao Rivoli às 18h. A Plateia apresentou uma das cinco candidaturas à gestão do teatro.

“O senhor Rui Rio defende, em suposto nome do público, uma ideia de teatro municipal regido por critérios de rentabilidade, postura assaz curiosa para quem esbanja dinheiros públicos em corridas de automóveis e quando é consabido ser ele o primeiro a não tirar proveito daquilo que no Rivoli se faz ou fez”, lê-se num texto distribuído durante o protesto.

No documento, os manifestantes pedem “garantias” de que o teatro “não será gerido e programado em função da maior rentabilidade dos objectos que aqui [no Rivoli] se produzem e/ou difundem” e de que o espaço cultural “pugnará pela formação contínua do público”.

O vice-presidente da Culturporto e director da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto esteve presente no protesto enquanto “cidadão” “solidário com a luta dos artistas e dos espectadores”.

Francisco Beja não põe em causa a “legitimidade” da decisão da autarquia e diz que o “modelo actual não deve ser perpetuado”, mas considera que o “caderno de encargos” apresentado às candidaturas à gestão do Rivoli não salvaguarda o “serviço público”. Por isso, apelou aos privados que revelem publicamente o que pretendem fazer no teatro.

Contactada pelo JPN, fonte da Câmara do Porto não quis prestar declarações.

Texto e foto: Pedro Rios