Acordo pode criar "um dos mais inovadores institutos de ensino e investigação à escala global". Empresas reforçam investimento em investigação.

Introduzir uma maior eficiência na gestão dos recursos humanos, libertando os investigadores da carga horária excessiva dedicada à docência, é uma das ambições do acordo entre Portugal e a universidade norte-americana de Carnegie Mellon (CMU), assinado hoje em Aveiro.

É um incentivo para que a “universidade deixe de ser tão triste e ensimesmada”, disse o primeiro-ministro, José Sócrates.

Para o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Mariano Gago, o papel dos investigadores e dos centros de investigação de excelência deve ser reforçado nas universidades.

“A uniformização [entre docentes e investigadores] é fatal para o desenvolvimento da qualidade”, disse, numa conferência de imprensa após a assinatura dos contratos de cooperação entre a CMU e 12 instituições de ensino superior, centros de I&D (investigação e desenvolvimento) e empresas portuguesas.

A parceria tem como meta criar “um dos mais inovadores institutos avançados de ensino e investigação à escala global” na área das tecnologias da informação e comunicação (TIC), o Information and Communication Technologies Institute (ICTI), afirmou Mariano Gago.

O ICTI não terá uma sede física e funcionará em dois pólos: a CMU, situada em Pittsburg, e uma determinada faculdade ou centro de investigação em Portugal.

“Depois deste acordo nada será como antes”, afirmou José Sócrates. O primeiro-ministro referiu que o aumento de 64% para a ciência no Orçamento de Estado para 2007 é um “sinal bem claro de quais são as prioridades” do Governo. “Isto é para ser levado a sério”, disse, sublinhando a importância da “aliança entre conhecimento e negócios” para a economia.

O secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, apontou como características inovadoras da parceria o desenvolvimento conjunto do ICTI, que facilitará a criação de “massa crítica” no sector das TIC, os cursos de mestrado profissionalizantes e doutoramentos de grau duplo (CMU e faculdade portuguesa) e o grande “envolvimento das empresas”, que contribuem para o co-financiado do programa (orçado em 56 milhões de euros) e no reforço na formação dos seus quadros.

PT aumenta despesa em I&D

Um dos pontos mais significativos do acordo assinado hoje é o estímulo ao investimento em I&D e emprego científico. Como coordenadora do grupo de empresas ligadas ao programa “CMU-Portugal”, a Portugal Telecom prevê um aumento forte das despesas em I&D para 1,5% do total da facturação do grupo em Portugal até 2011. Actualmente esse número ronda os 0,2%.

A PT quer ainda aumentar o número de quadros altamente qualificados, assegurando cinco novos contratos de doutores até ao final de 2009 e 12 novos contratos de especialistas (com enfâse nos mestres formados no âmbito do “CMU-Portugal”).

A Novabase deve aumentar a despesa em I&D para 1,5% do total da facturação até 2009, enquanto a Siemens compromete-se a que esse valor seja de pelo menos 5% por ano.

16 pequenas e médias empresas têm como objectivo duplicar os gastos em I&D até ao final de 2009 ou atingir pelo menos 5% do total da facturação.

Texto e foto: Pedro Rios
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