Um material sintético que substitui e acelera a regeneração dos ossos foi distinguido com o prémio Professor Carlos Lima 2006, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. O projecto “Bonelike” é da autoria de José Domingos da Silva Santos, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e de dois outros investigadores do Reino Unido.

O “Bonelike” é o primeiro substituto ósseo a ter a capacidade de mimetizar a composição química do osso. Pode ser aplicado numa zona de fractura ou defeito ósseos, acelerando a regeneração do osso, explica Silva Santos ao JPN. “A semelhança de composição química possibilita uma mais rápida regeneração do defeito”, refere.

O docente da FEUP e investigador do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) espera que o produto, já validado pelo Infarmed em 2005 após testes em três hospitais de Porto e Gaia, possa ser comercializado no próximo ano.

“Tem que acontecer em 2007”, sublinha Silva Santos, que se mostra “ansioso que este processo termine”. A exploração comercial dos direitos da patente será feita pela empresa Medmat Innovation, sediada na Tecmaia.

De acordo com o investigador, o Infarmed garantiu que vai visitar os laboratórios da empresa em Dezembro. Se a inspecção não detectar falhas, o produto poderá ser comercializado em vários países. Já há contactos de hospitais e clínicas dentárias europeias, canadianas e sul-americanas interessadas em utilizar o “Bonelike”.

Várias áreas de utilização

A investigação começou no início dos anos 90, no âmbito do doutoramento de Silva Santos. Em 1999, o produto foi patenteado pela União Europeia e de 2002 até ao ano passado decorreram os ensaios clínicos nas áreas da cirurgia oral, maxilofacial e implantologia. O prémio Professor Carlos Lima corresponde às possibilidades do “Bonelike” na ortopedia, mas o “espectro de utilização é maior”, diz o investigador.

O produto existe na forma granular (pequenos grânulos inseridos na cavidade óssea) para aplicação em falhas reduzidas ou em pequenas próteses para fracturas ou defeitos ósseos maiores.

Para além da FEUP e do INEB, o projecto envolveu a Universidade de Cambridge, duas universidades japonesas, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.

Pedro Rios
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Fotos: DR