“É uma ideia completamente errada a de que o consumo de drogas como a cannabis não causa sérios danos à saúde”. Armando Mansilha, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), concluiu que a utilização destas drogas provoca problemas vasculares que estão na origem da morte das células de forma lenta e contínua (isquemia crónica).

O estudo, feito a convite do European Registry of Training Centers for Vascular Surgery, contraria a ideia de que o consumo de drogas ditas leves como a cannabis, haxixe e ecstasy não tem efeitos graves na saúde.

O investigador e professor da FMUP concluiu que, tal como as drogas consumidas de forma intravenosa, também estas drogas podem “ter consequências irreversíveis ligadas à gangrena e à perda de membros do corpo”. “As conclusões deste estudo funcionam como um alerta para a saúde pública”, aponta.

A investigação de Armando Mansilha, baseada em estudos médicos anteriores, avança que a utilização de drogas causa problemas vasculares que estão na origem da morte das células de forma lenta e contínua. A isquemia, que consiste na falta de circulação sanguínea numa determinada área do corpo, pode implicar a amputação.

Além da perda de membros, o consumo de drogas leves e do tabaco está directamente relacionado com complicações graves como o enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral. Patologias que aparecem entre as primeiras causas de morte em Portugal.

Esta pesquisa revela ainda que o diagnóstico destes problemas vasculares é muitas vezes tardio devido à falta de conhecimento por parte dos consumidores quanto às implicações que o consumo destas substâncias tóxicas pode ter e porque, numa primeira fase, não existem sintomas.

Armando Mansilha foi o primeiro português a encabeçar a coordenação do European Registry of Training Centers for Vascular Surgery no âmbito das actividades da secção de Cirurgia Vascular.

Joana Almeida Silva
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