Os blogues foram uma das primeiras expressões com sucesso da nova geração de serviços da Web. Neles habitava já o espírito de comunidade e a possibilidade de qualquer pessoa com um conhecimento mínimo de informática ter uma “voz” no ciberespaço, características entretanto alargadas a dezenas de “sites”.

Em Portugal, tal como no resto do mundo “on-line”, assistiu-se a uma explosão do número de “weblogs”. De acordo com Paulo Querido, que está a concluir um estudo sobre os últimos três anos da blogosfera portuguesa, o número de blogues aumentou mais de cinco vezes nesse período, mas o nível de participação (número de comentários) pode mesmo ter diminuído.

Os utilizadores da Web 2.0 portuguesa são “um bocado 1.0”, aponta com ironia. “[O português] gosta de ter o seu quintalzinho, mas verdadeiramente não participa na blogosfera”, nota o fundador do Weblog.com.pt.

O mesmo se passa no DoMelhor, o “site” fundado por Querido que tem “indíces de leitura fabulosos”, mas menos participação do que os seus homólogos norte-americano (Digg) e espanhol (Menéame).

Para Paulo Querido, a blogosfera portuguesa tem ainda um “imobilismo notável”, já que “assenta há muito tempo nas mesmas pessoas”. “Não tem nada a ver com outras blogosferas. Não emergiram novos ‘opinion makers’. Há duas ou três pequenas vozes mas nenhuma grande voz”.

“Falta vontade de participação”, observa também o director do Palco Principal, uma comunidade de bandas e fãs de música. Segundo João Carvalho, a “opinião geral” em Portugal é a de que a “colaboração gera lixo”, atitude radicalmente oposta à ideia de “inteligência colectiva” em que se baseia a Web 2.0.