Isabel Silva está a acabar o curso de Sociologia na Faculdade de letras da Universidade do Porto (FLUP). A jovem conhece bem os problemas de quem tem que se deslocar numa cadeira de rodas. Nasceu sem braços nem pernas, sem justificação científica e precisa de acompanhamento 24 horas por dia.

Há seis anos, Isabel trocou a sua casa no Marco de Canavezes por um lar universitário católico. Foi o único lugar que respondeu às necessidades da jovem. As residências universitárias dos Serviços de Acção Social da Universidade do Porto (SASUP) que procurou não estavam adaptadas para deficientes e a que estava adaptada não aceitou a acompanhante de Isabel. A recusa foi justificada pelo facto da residência só acolher estudantes.

Uma decisão que aumentou as despesas da jovem, que tem sido prejudicada economicamente. Segundo o pai da rapariga, a ajuda do Estado é insuficiente. O Governo considera Isabel como uma pessoa com deficiência, mas não tem em conta as despesas gastas com a acompanhante.

Isabel já está a acabar o curso, mas a vida académica não foi facilitada. Para além dos obstáculos físicos [Áudio] a que já estava habituada, a lei nem sempre é cumprida, denuncia a estudante.

Os alunos com deficiência têm direito a um prazo alargado na entrega dos trabalhos e na duração do exame. Isabel conta que a informação nem sempre é divulgada. “Só tive conhecimento que podia ter um prazo de entrega mais alargado de trabalhos escritos no meu terceiro ano. Sempre tive contacto com o serviço de apoio ao deficiente e nunca me tinham referido isso”.

A pouco tempo de terminar o curso, a jovem não quer falar sobre o futuro. “Prefiro fazer uma coisa de cada vez”, diz. Mas admite que o facto de ser deficiente motora vai condicionar a sua entrada no mercado de trabalho. O facto de necessitar de uma acompanhante poderá ser novamente decisivo.

Texto e foto: Carina Barcelos
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