A aplicação do Processo de Bolonha na Universidade do Porto (UP) implica uma mudança do paradigma de ensino e aprendizagem. Alunos e docentes terão que ser mais activos. Foram as ideias principais defendidas num seminário, esta sexta-feira, na reitoria da UP, para esclarecer as dúvidas dos docentes.

Bolonha coloca um desafio: “o comprometimento colectivo na ideia de construção de uma comunidade educativa”, enunciou ao JPN a coordenadora do Grupo de Intervenção e Investigação Pedagógica da UP (GIIPUP), Carlinda Leite. “Se o conseguirmos, a UP marcará muito a vida da cidade e da própria região Norte”, apontou.

O novo paradigma traz outros desafios à UP, “do ponto de vista organizacional e da articulação dos recursos existentes dentro de cada unidade orgânica da UP”.

Na base do modelo de Bolonha está uma “lógica de estímulo” que cria condições para que “os estudantes aprendam e desenvolvam competências que, mais tarde, terão que mobilizar no exercício de uma actividade profissional e também enquanto cidadãos de Portugal e do mundo”, explica.

Com este modelo de ensino exige-se um maior acompanhamento dos alunos por parte dos docentes. “Não é uma autoformação isolada, descomprometida. Essa construção de aprendizagem deve ser devidamente acompanhada” para permitir conhecer as dificuldades dos alunos e dar pistas para que as ultrapassar, refere. “O exercício da docência não se esgota no exercício prático da aula”.

Este conceito de tutoria pressupõe “uma relação pessoal, muito mais directa, não uma relação de um para 100. No fundo, devia ser uma relação socrática”, defende a coordenadora do GIIPUP. Por isso, sustenta, o número de docentes contratados deverá aumentar ou terá que haver uma melhor mobilização dos recursos dentro de cada unidade orgânica da UP.

Bolonha implica também um forte envolvimento dos estudantes da UP. Carlinda Leite sublinha a necessidade de substituir o modelo de aprendizagem, que não passa só por “transmitir conhecimento”. “O aluno tem que ser mesmo muito activo, admitindo que ele é o construtor da aprendizagem”.

“E-learning” como instrumento dinamizador do processo educativo

Paulo Vasconcelos, um dos docentes vencedores do II Prémio Excelência em E-Learning na Universidade do Porto, considera o “e-learning” “um instrumento que pode ajudar em muito à adequação do processo ensino-aprendizagem no âmbito do novo paradigma de Bolonha, na medida em que induz uma dinâmica no relacionamento entre aluno e docente que as aulas presenciais por si só dificilmente conseguem reflectir”.

Quanto à preparação de docentes e alunos para lidar com as novas tecnologias, Paulo Vasconcelos afirma que se deve encarar o “e-learning” “muito naturalmente, como se encara pegar num livro para estudar”.