“Seja de folga, de férias, ando sempre com a câmara”. É a filosofia do fotojornalista Fernando Veludo. Durante 17 anos, trabalhou no jornal “Público”, sete dos quais como editor fotográfico. Recentemente, fundou a empresa NFactos.

Fernando Veludo, um dos participantes das I Jornadas de Fotografia do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, que começaram esta quinta-feira, definiu o fotojornalista como alguém que vai adquirindo muitos conhecimentos paralelamente ao que vai fotografando.

“Não fica só gravado na câmara, fica também gravado dentro do fotojornalista”, acrescentou. Por isso, é importante controlar as emoções e evitar o sensacionalismo.

O fotojornalismo pretende, acima de tudo, informar, e, se possível, com estética, porque “a foto é para ser lida”. O fotojornalista deve antever as acções, estar atento, próximo das pessoas e a par dos assuntos, procurar pontos de vista diferentes e ser paciente.

Fernando Veludo defende que a preparação académica e, depois, a experiência ensinam a evitar os erros nas fotografias (ao nível do enquadramento, focagem, luz). “O fundamental é adquirirmos os conhecimentos para perceber quando erramos e porque é que erramos, e ao errarmos podermos ter algum proveito na atitude fotográfica”, afirmou.

“O mercado de trabalho neste momento não é o melhor. O fotojornalismo vai continuar a existir, mas temos necessidade de nos adaptarmos às novas realidades [informação ‘on-line’]”, disse.

Conferência reuniu 33 pessoas

Na abertura das jornadas, o director do curso, Rui Centeno, anunciou que a cadeira de fotojornalismo ainda não vai funcionar no próximo ano lectivo.

Com uma assistência de 33 pessoas, a conferência “Fotojornalismos” contou com a presença de Fernando Veludo, Paulo Duarte e Ana Pereira. A experiência foi o critério que presidiu à escolha dos oradores, de acordo com José Manuel Ribeiro, fotógrafo “freelancer” e aluno do 1º ano que colaborou na organização da iniciativa.

O trabalho de Paulo Duarte, da Associated Press, incide sobretudo na cobertura de eventos desportivos. O fotojornalista, que já foi distinguido com o Prémio Visão Fotojornalismo, sublinhou a necessidade das fotografias terem legendas para uma melhor contextualização.

Ana Pereira é docente no Instituto Politécnico do Porto e colaboradora da revista Viva do “Jornal de Notícias”. Muito do seu trabalho passa pelo retrato. A fotojornalista falou da importância de conhecer realidades diferentes da sua e de “fotografar algo mais do que o que nos é destinado”.

Ainda no âmbito das I Jornadas de Fotografia, estão expostos alguns trabalhos fotográficos de alunos do curso até 24 de Maio. Nesse dia, vai decorrer uma conferência sobre “História da Fotografia”, com Maria do Carmo Serén.