As energias renováveis são cada vez mais parte essencial no planeamento energético de qualquer país. O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) do Porto está a desenvolver uma ferramenta informática que permite planear, a longo prazo, as reservas de energia, tendo também em conta a natureza instável de energias que provêm de fontes naturais, como o sol e o vento.

O estudo é inovador, porque faz a análise a longo prazo da reserva operacional, por natureza uma matéria de curto prazo, explica ao JPN Mauro Rosa, membro da equipa da Unidade de Sistemas de Energia, responsável pelo sistema.

O sistema vai ajudar as redes eléctricas de Portugal e Espanha (que contrataram o projecto ao instituto do Porto) a planearem as suas reservas até 2025 e a evitarem situações de falha de electricidade. Permitirá à Rede Eléctrica Nacional e à Rede Eléctrica Espanhola estimarem o risco da falta de abastecimento e assegurarem o equilíbrio entre eficiência económica (evitar custos com máquinas desnecessárias) e segurança (reduzir o risco de apagões, por exemplo).

Saber que percentagem de energias renováveis pode ser inserida na rede eléctrica e garantir que o sistema compense as variações inesperadas de energias voláteis, bem como avarias e aumentos imprevistos do consumo, são metas do projecto do INESC Porto, iniciado em Novembro de 2006 e com conclusão prevista para Outubro.

Novos desafios

As energias renováveis trazem novos desafios às redes eléctricas, já que são “energias intermitentes”, que dependem das condições naturais ou meteorológicas, explica Mauro Rosa.

Através de modelos matemáticos, os investigadores do INESC Porto simulam, em computador, diferentes cenários de utilização de diversas fontes de energia num histórico com 3 mil anos. Trata-se de uma “técnica bastante avançada”, utilizada noutros campos como a física e a análise dos mercados, mas sem paralelo no que toca ao planeamento energético, garante o investigador.