Um concelho com dificuldades

No concelho de Paredes, com 86 mil habitantes, apenas 33% da população com idade superior a 10 anos possui o 1º ciclo completo. 16% dos habitantes com mais de 12 anos completaram o 2º e 3º ciclos. Dos paredenses com mais de 23 anos, apenas 3,4% têm qualificações no ensino universitário.

A Câmara de Paredes, em parceria com os Empresários pela Inclusão Social (EPIS) e com a Associação Paredes Pela Inclusão Social (APPIS), está a proceder à selecção dos alunos que têm mais dificuldades escolares no conjunto de 2.300 alunos que frequentam os 7º e 8º anos de escolaridade.

O objectivo é combater o insucesso e abandono escolares, respondendo assim ao apelo do Presidente da República, feito no discurso das comemorações do 25 de Abril, em 2006.

Cavaco Silva apelou à participação de toda a sociedade neste processo. Um grupo de empresário respondeu ao apelo, criando o grupo EPIS. A autarquia paredense aceitou o desafio e criou a APPIS.

Em 2003, segundo os últimos dados da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), o concelho de Paredes tem a maior taxa de retenção (24,9%) do distrito do Porto. Um dos objectivos deste projecto é reduzir este número, refere a responsável no terreno, Alexandra Teixeira, através da aposta na ajuda individual.

Três fases

O projecto de inclusão social foi elaborado para três anos e será implementado em três fases.

Numa primeira fase, através de uma rede de mediadores, foi enviada uma carta a todos os encarregados de educação com uma sucinta explicação sobre o projecto, juntamente com questionários. A decisão de os alunos integrarem este projecto ficou nas mãos dos encarregados de educação. Apenas 3 a 4% recusaram a participação. Nos questionários foram abordados quatro vectores de risco: aluno, família, escola e território.

Numa segunda fase, estes mediadores efectuaram entrevistas aos alunos para, de uma forma mais concreta, saber como ajudá-los.

Na terceira e última fase, que está a dar agora os primeiros passos, estão a ser identificados os alunos mais carenciados para orientar a forma como serão feitas as ajudas, a nível familiar e escolar.

Sobrelotação das escolas

Os alunos que já reprovaram várias vezes e que tiveram muitas negativas no último período, assim como os estudantes que não têm o apoio da família são a prioridade deste projecto, refere a mediadora Carla Pereira.

Há igualmente factores que é necessário ter em conta e que foram identificados pelos mediadores e pelas associações de pais. A sobrelotação nas escolas é uma realidade, constata a presidente de Associação de Pais da Escola EB 2/3 de Paredes, Bercina Calçada. “Uma escola que foi estruturada para 24 turmas tem agora quase 40”, exemplifica.

Bercina Calçada aponta também a falta de interesse por parte de muitos encarregados de educação no que diz respeito às reuniões escolares.

Aposta nos 12 anos de escolaridade

O projecto de inclusão social é financiado pelos EPIS em 75% no primeiro ano e nos dois seguintes a 25%. A autarquia paredense assume os restantes custos do projecto, com a colaboração da APPIS.

A próxima meta a atingir pelo município com a participação da comunidade local é investir nos 12 anos de escolaridade. Pela cidade de Paredes há cartazes a identificar esse mesmo objectivo.