“Já toda gente no Porto se queixou que as ruas estão sujas, mas os relatórios de fiscalização dizem que está tudo bem. Isto não tem pés nem cabeça. O mesmo acontece com os carros mal estacionados: a fiscalizaçao não pode apanhar todos os carros mal estacionados, mas há ruas em que é assim há cinco ou 10 anos. Isto não pode ser assim”. O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, fez, esta quinta-feira, um retrato muito crítico dos serviços de fiscalização camarários.

Os serviços “estão desorganizados” e são muitas vezes ineficazes, considerou Rio. Contra este estado de coisas e a “baixa produtividade” dos trabalhadores destes serviços, a autarquia encomendou à Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) um estudo que vai diagnosticar a situação real e propôr medidas, algumas das quais podem avançar já neste semestre.

O objectivo da análise, que estará concluída em Abril, é “criar automatismos”, “ver quais são as deficiências e começar a pensar como é que podemos organizar os serviços para que as coisas, em larga medida, andem sozinhas”. Até porque, frisou Rio, durante a assinatura do protocolo de colaboração com a FEP, este “não é um problema do Porto, mas de Portugal”.

Área pouco estudada

A FEP encara a colaboração como uma hipótese para ganhar competências numa área pouco ou nada explorada em Portugal – o preço da encomenda da CMP é apenas “simbólico”. Rui Alves coordena uma equipa de quatro especialistas nas áreas da inteligência artificial, gestão de operações, contabilidade e controlo de gestão.

Segundo Rui Rio, a ineficácia na fiscalização “tem uma escala e uma dimensão em Portugal” que não se resolve apenas “obrigando as pessoas a trabalhar”. “No país, não há ninguém que tenha estudado a fundo esta matéria”, rematou.