A directora executiva da UNICEF, Anne Veneman, pediu, esta quinta-feira, maior contenção aos beligerantes do Darfur para que o auxílio às crianças e mulheres possa ser mais eficaz. A mensagem foi divulgada em comunicado, onde se pode ler que “a recente escalada dos combates no Darfur Ocidental veio somar-se às provações e perigos com que se defrontam as crianças e as mulheres na região”.

“Os esforços no sentido de prestar assistência urgente às crianças e mulheres mais carenciadas são comprometidos pela violência”, afirma Veneman.

A resolução deste problema passa “pelo acesso sem restrições às áreas afectadas, enquanto as partes beligerantes devem recorrer à contenção a fim de evitar mais deslocações massivas e permitir o regresso das pessoas a suas casas, bem como respeitar plenamente as convenções internacionais acerca da protecção de crianças em situação de conflito armado”.

1,8 milhões de crianças afectadas

Em declarações ao JPN, Helena de Gubernatis, da UNICEF Portugal, afirmou que “no Sudão continuam a ser recrutadas crianças por grupos armados, e que o objectivo da instituição passa pela “desmobilização, regresso a casa e reintegração destas crianças”.

Segundo Helena de Gubernatis, a UNICEF estima que nos últimos três anos o confronto armado no Darfur tenha afectado 1,8 milhões de crianças, “expondo-as à violência brutal, doenças, má nutrição e falta de acesso a serviços essenciais como o abastecimento de água potável e a educação”.

“Consequências desastrosas para 20 mil pessoas”

Ao comunicado da UNICEF, junta-se a declaração prestada na terça-feira pelo secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que se mostrou preocupado com o reacendimento da violência no Darfur Ocidental.

O coreano destacou o mais recente ataque ao campo de refugiados de Aro Sharow, tendo-o classificado de inaceitável. Para Ban Ki-Moon, estes ataques, “para além de colocar em risco a vida de civis inocentes, dificulta o acesso das organizações humanitárias”.

Quem também se pronunciou sobre o actual momento no Darfur foi John Holmes, coordenador Humanitário das Nações Unidas. “Se os ataques não cessarem, as consequências serão desastrosas para 20 mil pessoas”, afirmou.