A presidente da Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR), Arsisete Saraiva, acusa os hospitais de S. João, no Porto, da Universidade de Coimbra, S. Teotónio, em Viseu, Amadora-Sintra e da Figueira da Foz de “não forneceram a doentes com artrite reumatóide o [medicamento] Enbrel” e de tratarem os pacientes “de forma bruta”.

O despacho [PDF] do Ministério da Saúde, emitido a 25 de Outubro do ano passado, considera “existir interesse público na dispensa gratuita destes medicamentos [Enbrel], quando dispensados nos serviços farmacêuticos dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e prescritos em consultas especializadas no diagnóstico e tratamento da artrite reumatóide”.

O que é o Enbrel?

É indicado no tratamento de doenças como as artrites reumatóide, idiopática juvenil poliarticular e psoriática, bem como a espondilite anquilosante e psoríase em placas, patologias crónicas responsáveis por altas taxas de morbilidade. Deve ser tomado duas vezes por semana, sempre com indicação e acompanhamento de médicos especialistas.

A presidente da ANDAR lembra o fecho da consulta de reumatologia no Hospital de Seia, que levou à deslocação de 600 doentes para os hospitais de Viseu e Coimbra, onde não é feita a distribuição do medicamento. Revela ainda que na Figueira da Foz o Enbrel foi cedido apenas a um funcionário do hospital.

Arsisete Saraiva diz que “não é normal os farmacêuticos não acatarem uma ordem do Ministério da Saúde sem razão aparente”, uma vez que o despacho resultou de uma decisão unânime de todos os partidos políticos da Assembleia da República.

Hospitais não comentam

Contactado pelo JPN, Luís Viegas, relações públicas do Hospital de S. Teotónio, em Viseu, afirma que o despacho “levanta dúvidas”. Enquanto aguarda um esclarecimento da parte do secretário de Estado do Ministério da Saúde, “o hospital não faz mais declarações”. Os hospitais de S. João, Coimbra, Amadora-Sintra e Figueira da Foz não se mostraram disponíveis para falar sobre o assunto.