Quatro dos treze sindicatos que representam os trabalhadores dos CTT entraram este domingo em greve, permanecendo em protesto até terça-feira à meia-noite. Os números da adesão divergem. Os sindicatos apontam para os 70 a 75%, enquanto os CTT avançam com uma percentagem de 20 a 25%.

Os motivos da greve têm por base divergências sobre um novo acordo da empresa (AE). Os sindicatos apontam como pontos de protesto a flexibilidade de horário e a mobilidade geográfica. No entanto, os CTT defendem que a razão da greve é, na realidade, o desacordo na redução dos dirigentes sindicais de 100 para 38.

Motivos de discordância no AE

João Carvalho, porta-voz da Secção Regional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), afirma que a empresa pretende retirar regalias aos trabalhadores neste novo acordo. O sindicalista reforça que as questões mais importantes são as da flexibilidade de horário e da mobilidade geográfica. João Carvalho não concorda com os limites de mobilidade dos funcionários que o novo AE pressupõe.

O novo Acordo de Empresa pretende reduzir o número de dirigentes sindicais dos actuais 100 para 38. António Marques, Director de Recursos Humanos dos CTT, refere que o objectivo é “adaptar a realidade da empresa à nova legislação laboral mantendo um acordo que seja realista, por isso mesmo é que estamos a oferecer o quíntuplo de dirigentes sindicais”.

O porta-voz da Secção Regional do SNTCT, acusa a empresa de contratar pessoal externo que não presta um serviço de qualidade, porque não têm formação adequada. “Há pessoas com provas dadas ao longo da sua vida profissional que têm conhecimentos e competências para prestar um bom serviço, até em termos de gestão. Em vez de contratar pessoas do exterior, era aproveitar as pessoas que têm e que lhes está a pagar e bem”, avança João Carvalho.

“A progressão na carreira actualmente é de ‘x’ em ‘x’ anos. Esse automatismo, que é uma garantia, a empresa também quer retirar” afirma João Carvalho. No entanto, o director dos recursos humanos dos CTT esclarece que esta situação não está sequer em causa, porque “as pessoas vão continuar a progredir da mesma forma”. “Os ritmos de evolução em termos de progressão dependem do nível de desempenho dos trabalhadores: quem melhor desempenho tiver progredirá de forma mais rápida”, afrima.

Segundo João Carvalho, do SNTCT, há um motivo forte, a privatização, que justifica as últimas vontades da empresa. Já António Marques afirma que a questão da privatização da empresa ainda não está em agenda.