Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) “um dos grandes desafios da saúde pública do século XXI”, a obesidade é actualmente um problema com sérias proporções, atingindo sobretudo os países mais desenvolvidos.

Portugal encontra-se numa das posições mais desfavoráveis do cenário europeu. Segundo a Direcção-Geral de Saúde (DGS), cerca de 15% da população portuguesa está clinicamente obesa. A situação é ainda mais grave no caso da obesidade infantil que está a aumentar exponencialmente. Cerca de sete em cada dez crianças estão acima do peso.

A colocação de uma banda gástrica é uma das soluções mais procuradas pelos indivíduos com obesidade mórbida para baixarem os números da balança e da roupa. Os resultados, porém, nem sempre são os desejados. Apesar de a taxa de sucesso rondar os 90%, a verdade é que os outros 10% correspondem a casos de insucesso, onde se incluem os doentes que não atingem os 25% de perda de peso.

Embolia pulmonar, infecção do local do port, ruptura do tubo que liga o port à banda, deslocação do port, deslizamento gástrico, dilatação da bolsa gástrica, migração intra-gástrica são os problemas que podem ocorrer em pessoas com banda gástrica.

Segundo António Sérgio, considerado o “pai” da banda gástrica em Portugal, um dos problemas mais comuns é a infecção da prótese. A complicação mais grave é, porém, a infecção da banda, obrigando, muitas vezes, à sua extracção.

A dilatação gástrica é uma das complicações que pode surgir após a cirurgia bariátrica. De acordo com o gastrenterologista, este problema tem a ver com a forma como as pessoas ingerem os alimentos. “É dito às pessoas que quando fazem a cirurgia devem mastigar os alimentos muito bem. Esta é uma situação que acontece em 2% da população”, referiu.

Um outro problema é o estômago poder meter-se por debaixo da banda, originando uma espécie de hérnia. “Este problema era mais frequente nos primeiros casos com banda gástrica”, salientou António Sérgio, apesar de existirem testemunhos recentes que dizem ter sofrido esta complicação.

Foi o que aconteceu com Cármen, nome fictício de uma vítima de obesidade mórbida, que, em 2004, foi internada no hospital da Prelada, no Porto, para se submeter a uma cirurgia com banda gástrica. Depois de muitas idas ao hospital para ajustar a banda, o estômago “acabou por se introduzir no seu interior, causando uma uma infecção intra-abdominal grave”. Ao tentarem resolver o problema, “os médicos não conseguiam encontrar a banda e por isso, foram obrigados a fazer uma intervenção de urgência para repor o estômago”, revelou.

Questionado sobre as causas que explicam a taxa de insucesso da banda, António Sérgio não hesita em afirmar que “há equipas em médicas sem preparação médica e sem condições para efectuarem as cirurgias”.