“Não sou uma máquina de fazer teatro”

“Eu quero que venham outras companhias”, afirmou La Féria, após a conferência de imprensa de apresentação do seu novo espectáculo “Violino no Telhado“, que estreia sexta-feira. “Não pensem que eu vim para aqui de malas e bagagens”, disse, realçando que continua a ter a seu cargo o Teatro Politeama, em Lisboa, e que se prepara para inaugurar uma escola no Teatro Olímpia. “Não sou uma máquina de fazer teatro”, ironizou. “Recebo muitos convites e não sei até que ponto poderei ficar aqui [no Rivoli] muito mais tempo”.

A companhia de teatro Comuna poderá vir a levar ao palco do pequeno e do grande auditório do Teatro Municipal Rivoli, no Porto, um conjunto de peças, revelou, esta quarta-feira, o encenador Filipe La Féria. A ideia, ainda incerta, segundo o responsável da empresa Todos ao Palco a quem foi concessionado o Rivoli, é que o grupo encene um conjunto de vários dos seus espectáculos durante um mês, possivelmente em Fevereiro do próximo ano.

A companhia de Lisboa confirmou ao JPN que está interessada em apresentar peças no espaço, mas que ainda não está nada definido. “Estamos à espera de saber se é viável [financeiramente]”, afirmou Rosário Silva, da Comuna, que remeteu futuros esclarecimentos para meados do mês de Julho quando o director do grupo, João Mota, voltar do estrangeiro.

Mais companhias de fora do Porto sondadas

O anúncio da possibilidade de a Comuna trazer peças ao Rivoli surge na sequência da revelação de que a Todos ao Palco enviou e-mails a várias companhias da sua lista de contactos, a pedido da Câmara do Porto, para que estas efectuassem propostas de projectos a apresentar no pequeno auditório do Rivoli ou mesmo na sala maior.

Outras companhias de fora do Porto terão sido sondadas no mesmo sentido. Contactadas pelo JPN, as companhias O Bando e Teatro da Cornucópia, duas das maiores da área metropolitana de Lisboa, afirmaram não terem sido abordadas pela Todos ao Palco.

Também no Porto, companhias como a Visões Úteis e Teatro Plástico não foram contactadas. La Féria justifica essa falha pelo facto de a base de dados da Todos ao Palco não incluir o contacto destas companhias portuenses.

Plateia lamenta possível uso do Rivoli pela Comuna

Catarina Martins, da Plateia – Associação de Profissionais das Artes Cénicas, forte opositora da concessão do Rivoli a La Féria, afirmou ao JPN que também receberam o convite, ao qual responderam negativamente, uma vez que “não fazia sentido nenhum” aceitarem. “Seria uma forma de legitimar uma forma de exploração do Rivoli que sempre contestámos”, disse.

Em relação à possibilidade de companhias como a Comuna virem a apresentar trabalhos na sala, Catarina Martins é peremptória: “Temos pena”. “Legitimar as acções que este executivo [de Rui Rio] tomou é um péssimo precedente que tem a ver com todas as cidades, não só com o Porto”.