Câmara do Porto pode ter que devolver dinheiro

As obras de requalificação da Avenida da Boavista, a pensar no metro, custaram 4,9 milhões de euros (3,8 suportados pela Metro e os restantes 1,1 milhões pela câmara). O acordo previa que a comparticipação da empresa do metro estava “condicionada à aprovação da linha da Boavista pelas entidades competentes”. Com o “não” do Governo, a autarquia pode ter que devolver a verba em causa, refere o “Público”.

A segunda fase da metro do Porto já não vai incluir a linha da Boavista, revela esta terça-feira o jornal “Público“. O novo mapa das linhas será apresentado quarta-feira pelo ministro das Obras Públicas aos autarcas da Junta Metropolitana do Porto (JMP).

Esta linha é particularmente sensível, refere o “Público”, por ser uma aposta do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, e por poder implicar a devolução das quantias que a autarquia recebeu em 2005 da Metro do Porto como adiantamento das despesas de adaptação da Avenida da Boavista a este meio de transporte (ver caixa).

Em vez da linha da Boavista, o Governo defende uma ligação de Matosinhos ao centro do Porto que comece na praia de Matosinhos, passando pelas zonas do Castelo do Queijo, Praça do Império (servindo o pólo da Foz da Universidade Católica), Pasteleira e pólo universitário do Campo Alegre, de onde segue pelo Palácio de Cristal e Hospital de Santo António até ao fim da linha, na Estação de São Bento.

Segundo o jornal, o ministro Mário Lino vai apresentar as seguintes novas linhas à JMP:
Matosinhos-centro do Porto, com passagem pela zona da Foz e Campo Alegre até à estação de São Bento; Senhora da Hora-Hospital de São João, por São Mamede de Infesta; e ligação ao centro de Gondomar, pela zona de Valbom.

As três novas linhas juntam-se às ligações já previstas (à Trofa e o prolongamento da linha de Gaia até Laborim).

Relação tensa

Na semana passada, Rui Rio teceu duras críticas à forma como o Governo tem conduzido o processo. Numa reunião da Câmara do Porto, disse que o modo de funcionamento do Conselho de Administração é “miserável” e criticou o “atraso” do Governo no arranque da segunda fase, que, segundo o acordo entre tutela e JMP, devia ter arrancado em Janeiro deste ano.

Rio, membro não executivo do Conselho de Administração, acusou ainda o Executivo de lhe ocultar que “estarão a ser feitos outros estudos que anulam os que foram feitos pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e que constam do memorando”.

Depois das críticas do autarca, a Metro do Porto confirmava que estavam ser feitos “estudos relativos à ligação circular entre Matosinhos e o Porto e à ligação entre o Porto e Gondomar, através de Valbom”.