Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedência do espólio do jornal “O Comércio do Porto”, encerrado em 2005, ao município de Gaia. O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, enquadrou o acto na necessidade de “guardar a memória daquilo que foi uma pedra [importante] da comunicação social” portuguesa.

“É uma satisfação enorme chegar a este acordo. Sempre esteve nos objectivos da empresa que o espólio estivesse à disposição dos portugueses”, referiu, por seu lado, Isidoro González, do “Faro de Vigo”, diário espanhol proprietário do arquivo d’ “O Comércio do Porto”, fundado em 1854.

“Temos que tratar este espólio com cuidado e com parcimónia”, salientou Menezes. Aproveitou a ocasião para expressar o desejo de ter outro órgão de comunicação social no norte capaz de “influenciar a vida económica e cultural” da região e teceu duras críticas à centralização dos “instrumentos fundamentais, financeiros, culturais e sociais” em Lisboa.

A partir do próximo mês, o arquivo vai ficar no renovado Arquivo Municipal de Gaia, onde ficará durante 10 anos, tempo previsto no acordo. A câmara poderá utilizá-lo para exposições e publicações, cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservação, bem como a disponibilização ao público em geral para consulta.

Jornal “congelado”

Rogério Gomes, último director do jornal, afirmou que alguns empresários já tentaram reabrir o jornal, “mas infelizmente os proprietários não estão interessados em vendê-lo”.

“Há gente interessada no lançamento de um projecto de comunicação aqui no Norte, e ‘O Comércio do Porto’ seria uma possibilidade. Não é um projecto moribundo, mas está, pelo menos, congelado”, disse.