Turismo, criatividade e Douro

O plano tem como meta articular as entidades com responsabilidades no terreno, como os serviços municipais, a PSP e as instituições de solidariedade social. Será essa a missão da Unidade de Gestão do Centro Histórico. O documento centra-se em dois eixos estratégicos, a reabilitação física do edificado e o envolvimento da população, e aposta no turismo, nas indústrias criativas e no Rio Douro.

O presidente da Câmara do Porto pediu esta sexta-feira, uma maior atenção por parte do Governo para a reabilitação da Baixa e do centro histórico portuenses.

Num discurso ácido, Rui Rio disse mesmo que este objectivo seria muito mais fácil de atingir se a administração central investisse “metade do dinheiro que se gasta para salvar um banco gestor de fortunas”, numa referência ao Banco Privado Português.

As críticas foram feitas numa cerimónia onde, simultaneamente, se assinalou o 12º aniversário da classificação do centro histórico como Património Mundial pela UNESCO e apresentou o plano de gestão daquela zona da cidade, gizado pela Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU).

Aos jornalistas, Rio declarou acreditar que a reabilitação da Baixa e do centro histórico portuenses é um “projecto de uma geração”, mas que dentro de “cinco ou sete anos” poderá estar consolidado e a decorrer a uma velocidade superior à actual.

Menos do que um troço do metro de Lisboa

Com um investimento público que fosse além da mera participação do Governo na SRU, a “realidade era outra”, vincou Rio, no discurso. A crítica não se ficou pelo Executivo de Sócrates: “Desde 1996 que nenhum Governo percebeu a importância da reabilitação urbana”.

Antes, Rui Loza, coordenador do plano, dizia, em jeito de crítica, que a estimativa de investimento necessária para pôr em prática a estratégia da SRU para o centro histórico (235 milhões e euros) é menos que o preço do troço da linha de metro do Terreiro do Paço a Santa Apolónia, em Lisboa (custou 299 milhões).

Apesar do cenário, Rui Rio afirma que a reabilitação está em curso e que o “quadro em 2002 era manifestamente diferente”. “Há um trabalho a fazer, que é da câmara e da SRU, que é chamar a sociedade à Baixa do Porto. É preciso animar a Baixa para que as pessoas possam voltar. Ou a Baixa tem utilidade em termos económicos ou, se só tem valor, não tem serve para nada”, disse.

A maior parte dos 1.796 edifícios do centro histórico estão em médio estado de conservação (649), mas há 575 em mau estado e 78 em ruína. Em 51 estão a decorrer obras. 293 dos prédios estão devolutos. Santa Clara, Batalha, S. João Novo e Avenida da Ponte estão identificadas como as áreas mais deprimidas.