"Santo Tirso tem um parque de escultura que já faz história", diz o director do Museu de Serralves.

Que opinião tem do investimento que Santo Tirso está a fazer na arte contemporânea?

É sem dúvida de enaltecer pelo seu ineditismo e pela sua realidade no contexto cultural português. Como o escultor Alberto Carneira frisou, Santo Tirso possui hoje um parque de esculturas que apenas encontra equivalência em termos de espaço publico àqueles que fundações como a Gulbenkian ou Serralves têm nos seus espaços. Nessa medida, converte-se também num museu de escultura em Portugal, aberto às linguagens internacionais da arte contemporânea e àquilo que os artistas portugueses fazem numa coincidência muito.

Em Münster, na Alemanha, faz-se desde há quatro décadas o mais importante evento de escultura pública a nível mundial. Aquilo que Santo Tirso está a fazer é algo de muito parecido. Este convite a artistas para utilizarem com toda a liberdade o espaço público, o quotidiano da cidade, para aí acrescentarem novas valências e novas possibilidades de confronto das pessoas no seu dia-a-dia com a arte é, sem duvida, um desafio que convém enaltecer até pela sua raridade e exemplaridade, que espero que frutifique noutros contextos portugueses.

Considera que, por exemplo, também a cidade do Porto poderia aproveitar muito dos seus espaços para ter esculturas de artistas internacionais e nacionais?

Não só a cidade do Porto como a maioria das cidades portugueses. Quase todas têm, infelizmente, parques de escultura pública que não ficarão para a história. Santo Tirso tem um parque de escultura que já faz história

Está na vanguarda?

Sim, acho que quando se acrescenta uma escultura ao espaço público assume-se uma responsabilidade pelo que fica para as gerações seguintes. Santo Tirso vai deixar para as gerações futuras um excelente exemplo do que foi a escultura do tempo em que vivemos.

Acontece que em relação a muitas esculturas existentes nas cidades e praças deste país a única esperança que existe é que elas sejam substituídas rapidamente por outras esculturas que possam representar o que é a arte no nosso tempo.