O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos foi o principal orador no debate “Tempos de Mudança”, uma iniciativa da Juventude Socialista (JS) que, no passado sábado, levou a crise ao espaço “Maus Hábitos”, no Porto.

O ministro chegou ao som de “Hey Ya!”, dos Outkast, com uma hora de atraso, depois de uma viagem a Bruxelas. “É sempre bom ter um pretexto para vir aos ‘Maus Hábitos'”, brincou à chegada. Apresentando um visual jovial, Teixeira dos Santos começou por apelar aos jovens para “não terem medo da mudança”. A intervenção foi, de resto, pautada por uma mensagem optimista, ao mesmo tempo que recordava momentos de viragem na história recente.

Numa conversa bem-humorada onde contou com a companhia de Renato Sampaio, presidente da Federação Distrital do PS-Porto, e de Duarte Cordeiro, Secretário-Geral da JS Teixeira, Teixeira dos Santos defendeu que a crise espelha o falhanço da auto-regulação financeira, que revelou ser “uma grande treta”.

O ministro das Finanças fez um pequeno apanhado da crise actual e sublinhou a necessidade da supervisão estatal, não para defender os bancos, mas para “defender o sistema financeiro”, dando-lhe condições para voltar a conceder crédito. “Esta batalha ainda não está ganha”, alertou.

Euro contra a crise

Durante a tertúlia no “Maus ´Hábitos”, Teixeira dos Santos destacou a importância da moeda única no amenizar das consequências da crise economico-financeira actual: “se não fosse o Euro estaríamos a viver uma situação dramática”, considerou. O Euro constituiu “um passo significativo para uma concepção mais federal da Europa”, até porque “é uma moeda que me faz sentir português e cidadão do Mundo”, acrescentou o ministro.

A crise actual vai ser um trampolim para um novo paradigma financeiro, considera Teixeira dos Santos. “Vai exigir mudanças porque o mundo não pode continuar igual”, referiu.

“Off-shore no more”

O ministro defendeu ainda meios de intervenção estatal mais eficazes e um mecanismo orçamental à escala continental para a Europa, ressalvando a importância de um sistema mais ético e transparente. “Off shore no more”, resumiu.

A aposta na ciência e na educação foi reforçada ao longo do debate. Para o ministro, esta é uma luta que não pode ser adiada pela crise. A “qualificação de recursos é fundamental” para aumentar a competitividade e a produtividade, de forma a combater a crise em “questões mais fundas” e gerar “mais riqueza”, sublinha.

Para “fortalecer o Porto”, o ministro apelou também ao investimento nas indústrias criativas, pois a cidade “tem muito potencial nesta matéria”. Isto, apesar de, hoje em dia, “parecer um milhafre ferido na asa”, rematou Teixeira dos Santos, numa alusão à letra de Carlos Tê.