Até ao final do ano, o grupo espanhol Prisa planeia despedir cerca de dois mil trabalhadores em todo o mundo. As medidas estão enquadradas num plano de redução de custos. Ainda assim, Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, minimiza o possível impacto da decisão em Portugal., país onde a Prisa é detentora maioritária grupo Media Capital

“Espero e creio sinceramente que não afecte os órgãos de informação que a Prisa detém em Portugal. Aliás, o mais importante deles, a TVI, acaba de fazer um investimento muito importante na criação de um novo canal. Por conseguinte, é nossa legítima expectativa que o grupo não proceda a despedimentos em Portugal e não vemos nenhuma razão para o fazer”, explica Alfredo Maia ao JPN.

Um período complicado

A Prisa vendeu há já alguns meses o edifício que detinha na Gran Via, em Madrid, e alguns dos seus activos, de modo a poder financiar uma dívida de cerca de mil milhões de euros. As dificuldades da Prisa afectaram as despesas correntes de vários meios, o que levou a operadora espanhola Telefónica a cortar os telefones do grupo durante o dia 16 de Abril. A situação de falta de pagamento das facturas chegou a um valor que ascendeu aos 300 mil euros, de acordo com notícias divulgadas pela comunicação social espanhola esta segunda feira.

O grupo planeia dispensar “entre 1.900 a 2.000 trabalhadores” em todo o mundo. Aos trabalhadores vão ser propostas rescisões voluntárias com indemnização até um ano de salários.

Outra possibilidade é a suspensão temporária de contratos durante um mês, aplicada rotativamente a um número a determinar de trabalhadores, para evitar os despedimentos. No caso de surgirem resistências às rescisões voluntárias e às suspensões dos contratos, a Prisa inicia, então, o processo de despedimentos.

Outra medida para reduzir os custos do grupo relaciona-se com a transferência de todos os meios do grupo em Espanha para a sede do El País. Existe, no entanto, a possibilidade de existirem novos cortes em 2010, como explicou à agência Lusa, fonte da Prisa.

“A direcção não quer falar do próximo ano. As medidas para diminuir os custos são só até 31 de Dezembro, depois vê-se”, acrescenta.

A Prisa possui vários órgãos em Portugal, na área da rádio, televisão e na Internet, graças à participação de 73,7% que detém do capital do grupo Media Capital. A MCR é a sub-holding do Grupo Media Capital para a rádio, em que se inserem as rádios Comercial, Rádio Clube Português, Cidade FM, Best Rock FM, M80 e Romântica. Na área da televisão, enquadra-se a TVI e o mais recente canal cabo, o TVI 24.