Ainda não há data definida para a celebração da escritura para a concessão do Mercado do Bom Sucesso. O concurso público lançado pela Câmara Municipal do Porto para a cedência do espaço foi ganho pela empresa bracarense Eusébios.

Apesar de ter sido apontada a primeira semana de Março para a assinatura do acordo, a celebração continua sem uma data definida. Contactado pelo JPN, Rui Peixoto, responsável da Eusébios, apontou a ausência dos elementos encarregados do processo como razão da celebração ainda não ter sido efectivada.

Segundo Rui Peixoto, as negociações devem ser feitas durante a próxima semana, altura em que arrancará também o agendamento das obras.

Perante a incerteza, os comerciantes do mercado mostram alguma preocupação, reclamando falta de informação quanto ao futuro próximo, tanto em relação ao período de obras (em que vão ter que ser transferidos para um espaço alternativo ou receber uma indemnização) , como ao período em que as obras estarão concluídas.

A proposta da empresa para a exploração prevê a construção de um hotel low cost, uma área de escritórios, 44 bancas de produtos gourmet e 23 lojas.

Oposição ao projecto continua

O projecto conta, no entanto, com a oposição de Manuel Correia Fernandes, vereador do PS na Câmara Municipal do Porto. Para o arquitecto, a importância do espaço refere-se ao facto de este ser “quase uma praça coberta, com uma nave que é rara”. “A ocupação daquele espaço interior é a ocupação da alma daquele edifício”, explica o vereador, acrescentando que “é intrusiva a edificação do que quer que seja ali dentro.”

A revitalização do espaço, entende o vereador, passaria pela introdução de novas valências ao edifício. Isto porque a cidade, não sendo rica em construções como esta, não carece de equipamentos como os que constam do projecto da empresa.

A oposição ao projecto vencedor é ainda firmada pelo Movimento Mercado do Bom Sucesso Vivo. O grupo de activistas defende a preservação do comércio de proximidade neste edifício. Paula Sequeiros, um dos membros deste movimento, vê o projecto apenas como finalidade privada, visto que “se fosse para conservar as valências do mercado, talvez não houvesse interessados”.

Para o Movimento, a congregação de actividades proposta pela Eusébios não faz qualquer sentido, sendo que prevê intervenções tão díspares que em nada conservam a ideia de mercado tradicional. Como iniciativas de oposição, o Movimento prepara uma audiência à Ministra da Cultura, uma petição a ser assinada pelos cidadãos e procura reunir esforços com associações ambientalistas.

A escritura deverá ser assinada, de acordo com a empresa, no decorrer desta semana.