Não importa a que horas chegaram. Algumas chegaram ainda ontem, quinta-feira, e outros nem esperaram pelo nascer do sol para se deslocarem até a Avenida dos Aliados. Ver Bento XVI e estar de perto com a “figura que faz a ponte entre o homem e Jesus Cristo”, foi o que moveu Olga Vinha, de Penafiel, um dos exemplos dos milhares de cristãos presentes.

A espera foi ansiosa. Gritavam “vivas” ao Papa e abanavam as bandeirinhas distribuídas um pouco antes. Maria dos Anjos, das Caxinas, veio para o Porto à meia-noite porque queria “sentir a emoção de ver pessoalmente” o Papa Bento XVI. No entanto, há quem tenha vindo mais cedo como é o caso do grupo de Jovens de Canelas, em Vila Nova de Gaia, que foram os “primeiros” a chegar ao local. “Estamos aqui desde as sete horas da manhã de ontem [quinta-feira]”, afirma Ana Rita Silva, um dos membros do grupo.

Cafés também “lucraram” com a visita:

No café Aliança, na Avenida dos Aliados, Maria Vasconcelos diz que “nunca tinha havido uma coisa igual a esta”. “Trabalho há 24 anos aqui e nunca me lembro de tal coisa. Foi uma coisa única.” A trabalhar desde as “seis da manhã”, Maria reconhece que a visita do Papa foi uma “mais-valia”.

A hora de chegada é, neste caso, o que menos poderá importar para aqueles que decidiram vir até à Avenida dos Aliados. “Espero uma festa que traga união para o pessoal mais jovem”, refere Ricardo, escuteiro do Agrupamento n.º 640 de Santa Maria da Feira. Para Ana Rita Silva, o desejo é que a visita papal “traga ainda mais fé e mais esperança para um mundo cada vez melhor”.

Desde padres franciscanos até freiras de várias congregações, foram muitos os peregrinos de vários locais que vieram ao Porto. António Ferreira Cabral e António Cunha partiram de Coimbra para ver Bento XVI. Depois de passarem por Fátima vieram ao Porto, porque queriam “mostrar que o futuro da Igreja está nos jovens”, como diz o primeiro. “A igreja está em crise e nós temos, actualmente, uma missão”, acrescenta António Cunha, para quem a solução está na “demonstração de fé”.

Um momento “único e marcante”

Depois de tantas horas à espera, as pessoas puderam assistir à chegada de Bento XVI por volta das 9h45 ao Regimento de Artilharia n.º5 da Serra do Pilar. Nesse momento, a Avenida dos Aliados viveu um dos primeiros momentos altos. Pessoas de olhos postos nos vários ecrãs espalhados no local aplaudiram a chegada de Bento XVI. Estava para a breve a chegada de Ratzinger aos Aliados.

Já passava das 10h00 quando o papamóvel entrou nos Aliados e deu a volta à Avenida para que Bento XVI pudesse saudar as milhares de pessoas presentes. Mesmo com a chuva que se fazia sentir, as bandeirinhas continuaram agitadas no ar e os “vivas” ouviam-se cada vez mais alto. Um momento “único e marcante” para a vida de Ricardo e de Maria dos Anjos.

No palco já estava tudo preparado a celebração da eucaristia que não tardou a começar. D. Manuel Clemente fez as honras da casa e agradeceu a visita de Bento XVI à cidade do Porto.

Durante a eucaristia foram dadas indicações para que as pessoas não aplaudissem nem mostrassem cartazes, ordens que foram devidamente respeitadas. No terreno estavam também cerca de 400 escuteiros da Região Norte que “fizeram barreira” e auxiliaram na “comunhão”, como explicou o chefe de um agrupamento, José Sousa.

No final da celebração, as pessoas acompanharam a ida do Papa para o Aeroporto Sá Carneiro. Muitas deslocaram-se até lá, outras preferiram seguir nos ecrãs instalados na Avenida dos Aliados, onde aplaudiram a despedida de Bento XVI. No chão ficaram apenas as bandeirinhas gastas na emoção sentida durante a manhã que não quiseram perder a oportunidade de ver o Sumo Pontífice.