O segundo dia de Rock in Rio foi, sem dúvida, muito menos concorrido que o primeiro, apesar de assinalar o 25.º Aniversário do certame. Ainda sem números definitivos, às 20h00 de ontem, sábado, estavam na cidade do Rock cerca de 41 mil pessoas, metade do que se tinha verificado no dia anterior. A maioria das pessoas, diziam as estatísticas da organização, vinha por causa de Elton John.

A diferença de idades entre quem deambulava pela Cidade do Rock no segundo dia da edição 2010 do Rock in Rio não podia ser mais notória. E a falta de público também. Num dia claramente mais familiar, com opções para agradar a pais e filhos (e avôs e netos), o Palco Sunset acabou por conseguir competir directamente com o palco principal pela atenção das (poucas) dezenas de milhar que se dirigiram à Bela Vista.

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Também não era para menos. No menu, Soulbizness e Zoey Jones, Tim e Mariza e, para terminar, Rui Veloso e diversos convidados dos mais variados estilos musicais. A primeira actuação acabou por ser, naturalmente, a menos procurada do dia. Os poucos que se juntaram em frente ao Palco Sunset puderam, no entanto, assistir à estreia dos portugueses Soulbizness e de Zoey Jones, numa actuação relaxada, onde a combinação do pop funk electrónico dos portugueses combinou perfeitamente com o pop jazz da britânica. “Obrigado por estarem aqui a horas. Vou decorar todas as vossas caras”, dizia o vocalista no final da actuação.

Seguir-se-ia um dos duetos mais esperados do Sunset, com Mariza a subir novamente a um palco do Rock in Rio, desta feita acompanhada por Tim. O dueto, bem ensaiado, foi recebido por muita gente e encontrou eco em músicas como “Homem do Leme” ou “Por Quem Não Esqueci”. Coube a Mariza, à semelhança do que acontecera no primeiro dia do evento, “puxar” pelo público e animar o espectáculo.

A festa só terminaria no palco secundário com Rui Veloso a fazer de mestre de cerimónias e a receber em palco Toni Garrido, Maria Rita e o inesperado Boss AC.

O entusiasmo de João Pedro Pais e os dotes vocais de Leona Lewis

No entretanto, João Pedro Pais já tocara no palco principal. Durante pouco mais de uma hora, o português animou os que se dirigiram até ao auditório natural que serve o Palco Mundo, parecendo pouco importado com a falta de público que se fez notar em praticamente todos os concertos do 2.º dia de espectáculos na Bela Vista. Antes de terminar com o single “Nada de Nada”, João Pedro Pais ainda teria tempo para passar em revista mais de uma década de carreira, que teve em “Não Há”, “Até Nunca Mais”, “Um Volto Já” ou “Mentira” alguns dos seus maiores êxitos.

Rock in Rio: Muse sobem ao palco a 27 de Maio

A festa continua na quinta-feira, com a presença no palco principal de Sum 41, Xutos & Pontapés, Snow Patrol e Muse. No Palco Sunset, os presentes poderão encontrar Nusoulfamily & Julie McKnight, Expensive Soul & Bluey/ Incognito e Omar e Jorge Palma com Zeca Baleiro. Já a tenda electrónica, será animada por Tha Bloody Bastards Featuring Mad Mac & Nuno Lopes, Miguel Quintão, The Twelves, Gui Boratto e John Digweed.

Ao contrário do primeiro dia, em que John Mayer aparecia isolado a representar os artistas masculinos num dia dominado pelas mulheres, no sábado coube a Leona Lewis a tarefa de representar as senhoras. Numa performance comedida, a britânica conseguiu ser uma lufada de ar fresco na representação feminina neste evento, não se servindo dos dotes corporais, nem de muitos passos de dança para cativar o público na sua estreia em palcos portugueses.

A lembrar outras divas da Pop, Leona Lewis deu ênfase às suas cordas vocais, aposta que teria sido ganha se o público fosse outro e a cantora não tivesse dado mostras de alguns problemas de voz ao longo da actuação. Os primeiros sinais de verdadeiro entusiasmo do público só surgiriam já no final do espectáculo, com a sua rendição de “Run”, dos Snow Patrol (que também passarão pelo Palco Mundo), e “Bleeding Love”.

Um convite ao passado, por Elton John e Trovante

No entretanto, ia-se aproximando o grande momento da noite para a maioria dos assistentes. À hora marcada, Elton John iniciaria o seu espectáculo com “Funeral for a Friend”, conseguindo prender de imediato a atenção dos presentes. Extremamente à vontade, com a sabedoria de quem já domina um palco e conduz multidões há muitos anos, o cavaleiro da rainha deu espectáculo, sem, no entanto, ser espectacular.

O público, bem orquestrado, foi-se deixando levar, enquanto John, ao piano, desfiava hit atrás de hit. Músicas como “Rocket Man”, “Don’t Let The Sun Go Down On Me”, “Candle in the Wind” (que não estava prevista no alinhamento) ou “Your Song” fizeram algum furor entre os presentes, numa noite claramente a puxar às recordações.

E se, com Elton John, o saudosismo dos anos 70 e 80 predominou, a noite assim continuou com o grupo que se seguiria. Terminada a actuação do veterano inglês, foi a vez dos extintos Trovante matarem as saudades dos palcos, com uma actuação emotiva que, certamente, ficará na memória dos que resistiram ao cansaço e ao avançar das horas.

Na primeira fila, e apesar do grande espaço que havia, vibrava-se com aquele que foi um regresso muito desejado, tanto pela banda como pelo público. “Que bom que é estar aqui a reviver isto tudo”, dizia Luís Represas a certa altura.

E, se dúvidas havia acerca do motivo da reunião no Rock in Rio, Luís Represas faria o jeito de as dissipar a alturas tantas, justificando a presença no evento porque “não é só um palco de música”, é “um festival solidário, que se preocupa com o ambiente e com as pessoas”. Por isso mesmo, o que se ouve a seguir “faz todo o sentido” de ser ouvido: a Bela Vista aquece a voz e quase grita por “Timor”, naquele que foi um dos momentos mais emotivos da noite.

2 Many DJ’s: Pista de dança ao ar livre

Findo o saudosismo, foi tempo de olhar para o presente e dar lugar aos 2 Many DJ’s (ou melhor, a David Dewaele e Stefaan Van Leuven, pois Stephen Dewaele perdera o avião). Com uma setlist impressionantemente rockeira, com direito a remixes de músicas de Guns & Roses, Queen ou The Clash, a dupla de dj’s não fez esperar os resistentes e, às 2h00, iniciava o seu espectáculo.

Um mix improvisado com o que iam apanhando nas rádios iniciou o espectáculo, com o material de apoio de luz e som a ser montado à medida que o set se ia desenrolando. A Bela Vista transformava-se, de repente, numa gigantesca pista de dança, com gente a chegar de todo o lado para dançar junto ao palco até às quatro da manhã, hora em que encerrou oficialmente o primeiro fim-de-semana da edição 2010 do Rock in Rio Lisboa.