A primeira conferência de “Música no Divã” realizou-se esta manhã na Casa da Música. Sob o tema “Música e Psicanálise: um regresso a casa”, o psicanalista Jaime Milheiros dissertou, intercalando o discurso com trechos musicais.
Segundo o psicanalista, para haver uma compreensão da música, o processo tem de passar “pela pessoa, pela emoção”, apontando para uma dimensão irracional da compreensão da melodia. É por haver essa relação emocional que “cada pessoa vive nos seus sons e memórias”. Por isso mesmo, “silêncio não existe”, entende Jaime Milheiros, que o classifica como um “apaziguamento temporário”.

O psicanalista destaca, também, os aspectos que se correlacionam entre música e psicanálise, referindo que há “inequívoca relação” entre elas, “na forma de sentir, de viver e de escutar”.

Rui Pereira, editor da programação da Casa da Música, considera que as “pessoas apreciam mais as músicas que compreendem”, aspecto justificado porque o “habitat musical onde crescemos é crucial” para a definição dos nossos gostos e compreensão musical.

Por sua vez, Júlio Machado Vaz, psiquiatra e moderador deste debate, refere-se à iniciativa como “uma oportunidade magnífica para o cruzamento de olhares” e aponta como objectivo principal a realização de um “diálogo frutuoso”.

A iniciativa prolonga-se até amanhã, com o debate de diversos temas, entre eles as drogas e preferências musicais ou a relação professor/aluno.