No ano letivo 2007/2008 foi firmado entre o governo, a Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua (SPGM) e a banca uma linha de crédito especialmente destinada a ajudar estudantes com dificuldades económicas. De lá para cá, são já 16 mil os que se endividaram em cerca de 200 milhões de euros para se manterem no ensino superior.

A parceria esteve suspensa no início deste ano letivo, porque o governo mantinha uma dívida de cinco milhões de euros com a SPGM. No entanto, o montante foi pago e, no primeiro mês de candidaturas, eram já 725 novos casos a pedir um total de nove milhões de euros à banca.

Estes créditos têm juros reduzidos e permitem que o estudante pague a dívida depois de terminar o curso. Contudo, muitos estudantes não conseguem arranjar emprego e isto traduz-se já em 1,4 milhões de euros de incumprimento.

“Este empréstimo não deveria existir, porque devia ser a bolsa de estudo a resolver os problemas financeiros dos alunos”, entende o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Hélder Castro. “Apenas agora vamos ter a noção do verdadeiro preço a pagar”, acrescenta o estudante, referindo-se ao facto de os primeiros alunos endividados estarem a sair agora para o mercado de trabalho.

A taxa de empregabilidade não está a favor destes alunos e a mesma preocupação é descrita pelo presidente da Federação Académica do Porto(FAP), Luís Rebelo. “Não é razoável estar à espera que, ao fim de um ano, os alunos estejam empregados e paguem os créditos”, explica.

No entanto, Luís Rebelo ressalva que “é normal que as pessoas recorram a estes créditos a meio da licenciatura para terem forma de acabar o curso”. “Não nos choca que haja esse empréstimo, se não estiver a substituir a ação social”, finaliza.