A assembleia geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) decidiu ontem, segunda-feira, o alargamento da Liga Zon Sagres de 16 para 18 equipas na época 2012/2013. A proposta de alargamento foi aprovada com 31 votos a favor, 15 votos contra e duas abstenções. A proposta de realizar uma “liguilha” de quatro clubes para decidir a composição da Liga (que seria disputada entre os dois últimos classificados da primeira divisão e os 3.º e 4.º classificados da Liga Orangina) foi chumbada com 29 votos contra e apenas 17 votos a favor. A solução encontrada (aprovada com 23 votos a favor, 21 votos contra e duas abstenções) passa por não fazer descer nenhuma equipa da primeira divisão, uma decisão que já levantou várias vozes discordantes.

Assim, aos 16 clubes que participam na presente edição do principal escalão do futebol português, juntam-se os dois primeiros classificados da segunda divisão. A decisão de alargar para dezoito o número de participantes na Liga surge no seguimento do já aprovado alargamento da segunda divisão, de 16 para 22 clubes. Também na Liga Orangina não vai descer nenhuma equipa, sendo que ficou decidida a entrada direta das equipas B de FC Porto, Benfica, Sporting, Sp.Braga, Vitória de Guimarães e Marítimo, além dos dois clubes que sobem da II Divisão.

No entanto, o que foi decidido pela LPFP está, ainda, sujeito à aprovação da Federação Portuguesa do Futebol (FPF). Caso a Liga e a FPF não cheguem a acordo, a decisão fica a cargo do Conselho Nacional do Desporto.

Da assembleia geral da Liga saiu, também, a decisão de alterar a forma de atribuição dos direitos televisivos. Em declarações aos jornalistas, Mário Figueiredo, presidente da LPFP, defende que este foi “um dia histórico” para o futebol e que marca “um passo para o fim do monopólio existente em Portugal”. A proposta do atual presidente da LPFP passa por centralizar todos os negócios, isto é, “os jogos serão distribuídos em pacotes e vendidos em leilão aberto às várias operadoras”.

Recorde-se que este é o oitavo alargamento na história da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

FC Porto, Sporting e Nacional impugnam a decisão

O FC Porto, o Sporting e o Nacional da Madeira já tornaram, entretanto, pública a sua intenção de voto, que é contra o alargamento da Liga com a ausência das descidas de divisão. Luís Duque, administrador da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Sporting, mostrou-se perentório à saída da reunião. “Não lembra a ninguém que, em plena atividade do campeonato, deixe de haver praticamente competição. Fica ferida a competição na verdade desportiva”, defende.

Ainda antes de Mário Figueiredo anunciar oficialmente a decisão, Rui Alves, presidente do Nacional da Madeira, defendeu que “este tipo de decisões só pode ser aprovado por unanimidade”. Perante os jornalistas, o madeirense diz, ainda, ter assistido “à promoção completa da ilegalidade” e assegura uma ação de impugnação por parte do clube por si dirigido.

“O que está em causa é mudar as regras de um jogo a meio”, diz o presidente da APDD

Na opinião de Carlos André Dias Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Direito Desportivo (APDD), a proposta de alargamento sem despromoções não poderia ter sido aprovada já para a próxima época. “De acordo com o que dispõe o artigo 3.ºA da legislação da LPFP, a alteração do regulamento das competições para a época seguinte só poderia ser aprovada por unanimidade, o que não se verificou”, adianta, em entrevista ao JPN.

Quanto à verdade desportiva da prova, que vários dirigentes dos clubes da Liga já colocaram em causa, Carlos André Dias Ferreira frisa que não se trata de uma questão jurídica, mas de bom senso. O presidente da APDD diz que a decisão da Liga pode colocar a integridade da competição em risco. “Como o presidente da Liga disse, os clubes vão querer ganhar na mesma. Mas isso são critérios subjetivos e é por isso que existem critérios objetivos: a lei. Ninguém põe em causa a vontade de vencer, mas isso deixa de estar salvaguardado quando as regras de jogo não estão estabelecidas do princípio ao fim”, afirma. “O campeonato acaba por perder parte da emoção, também”, conclui.

A impugnação que FC Porto, Sporting e Nacional da Madeira já prometeram é viável, garante o presidente da APDD. “A impugnação é sempre legítima para quem luta contra uma decisão que entende ser ilegal”, afirma.