A ideia de “O meu movimento” é simples: uma plataforma que dá voz aos cidadãos através da submissão de uma ideia e argumentos que a defendam. Sob o mote “Tem algo a dizer ao primeiro-ministro”, foram enviadas 1008 propostas, entre 10 de janeiro e 29 de fevereiro. As temáticas são variadas e as áreas mais escolhidas são as de economia, finanças, política, saúde e justiça.

Depois de aprovados, os movimentos foram submetidos a uma votação online sob a forma de seguidores na respetiva página. Os sete finalistas foram conhecidos no início de março e a rede social Facebook é a aposta para a divulgação das suas ideias. O movimento “Abolição das corridas de touros”, de Sérgio Caetano, é um dos finalistas e regista o maior número de apoiantes: 6179.

“Em defesa da Educação Visual e Tecnológica” é o movimento da Associação Nacional de Professores desta disciplina, a APEVT. Defendem a continuação da disciplina nas escolas e são o segundo movimento mais popular, com 2713 seguidores.”Regulamentação da Profissão Psicomotricista”, “A escola é para ensinar. A família educa”, “Abolição da utilização de animais em circos” e “Pelas tecnologias da Informação e Comunicação” são, também, finalistas da votação online.

Dos sete finalistas, o criador do movimento com mais seguidores tem a oportunidade de se reunir com Pedro Passos Coelho. Num vídeo promocional publicado na página oficial de “O meu movimento”, o primeiro-ministro defende o aproveitamento das novas tecnologias para “lançar um movimento, uma ideia sobre o nosso país”. Passos Coelho acredita na diferença que os cidadãos podem fazer “com pequenas ideias tão simples como esta”.

“Não tenho que emigrar para me formar!”

Com um tema forte da atualidade estão a concorrer os jovens Luís e João Máximo. “Não tenho que emigrar para me formar!” é o movimento que defende a criação de vagas no ensino superior com custos suportados pelos próprios estudantes, para casos de limitações em determinados cursos.

Os dois jovens propõem a criação de vagas suplementares suportadas pelos próprios alunos em determinados cursos, como forma de contornar as limitações do número de vagas. João Máximo, estudante de 24 anos, defende que o movimento “Não tenho que emigrar para me formar!” é o único que “pode dar um contributo eficaz para a real situação económico-financeira do país”. A realidade que os dois irmãos querem mudar é a “fuga de muitos jovens que recorrem a cursos no estrangeiro para suprimir a sua necessidade de realização pessoal e profissional”.

Um dos fortes argumentos deste movimento é o sucesso do modelo internacional, já existente, de aplicação deste regime em alguns países da União Europeia. Trata-se da criação de cursos pagos pelos alunos no ensino superior público, “num regime extraordinário, não colocando em causa os concursos de regimes normais de acesso”, explica João Máximo. Além da realização pessoal e profissional, o objetivo é reter o investimento desses alunos para sustentar “manutenção da qualidade do ensino português e garantir um melhor futuro para os alunos”.

Os dois jovens têm como exemplo os casos estrangeiros, onde o currículo e a motivação são tão importantes como a média. João Máximo diz conhecer a realidade de amigos que estudam noutros países, em que “este tipo de investimentos acaba por funcionar como uma alavanca para manter o regime normal”. “Permite que haja manutenção de vagas e centros de investigação”, diz.

João Máximo considera esta causa importante para a atualidade e não acredita que “o primeiro-ministro queira perder tempo da sua agenda para discutir temas superficiais”.