O Ignite esteve, esta quarta-feira, no Porto pela sétima vez. O evento chegou primeiro a Lisboa e esta é já a 21.ª edição nacional. O sucesso na cidade Invicta tem sido garantido e vai crescendo de ano para ano. O espaço escolhido para acolher o Ignite foram as Galerias de Paris e a fórmula foi a mesma de sempre: 5 minutos para falar sobre 20 slides que mudam a cada 15 segundos.

Nesta edição portuense, o espaço mudou porque a procura de bilhetes tem sido cada vez maior, embora o ambiente descontraído exista sempre. Maioritariamente, a audiência é jovem e para muitos esta não é a primeira vez que assistem à conferência não tradicional. Há até quem venha de Lisboa para participar e ser orador durante os 5 minutos. No entanto, nem todos se arriscam a subir ao palco para fazer uma apresentação ou, simplesmente, improvisar.

“O importante é vir mesmo que seja para ficar sentado na cadeira a noite toda. Mas depois eu também desafio as pessoas a participar”, diz Ana Silva, membro da equipa Ignite Porto e Lisboa. Além disto, há quem encare o evento como uma resposta à crise nem que seja pelo tempo descontraído e animado que se passa. “Eu não diria que esta é a solução para a crise mas tentámos que seja a garantia de um momento bem passado”, afirma Ana.

Assim, um pouco de tudo pode acontecer, como distribuição de abraços – ideia que, aliás, começou no Porto e tem um grande sucesso -, rebuçados, bolo de chocolate ou formulários. Tudo vale a pena para envolver a audiência no espírito descontraído e, a qualquer momento, surgem situações imprevistas que põem as pessoas à vontade e ajudam a combater o pânico de falar em público.

O público “positivo” do Ignite

Os recém-chegados parecem gostar deste ambiente e no caso de Daniela Ribeiro, de 29 anos e que trabalha na área da comunicação, isto é “uma boa experiência, porque faz todo o sentido ver e registar ideias diferentes”. No meio de quem já repetiu a experiência encontra-se Áurea Bastos, de 32 anos. “Eu vim aqui porque gostei imenso e só não vou quando não posso mesmo mas, sem dúvida, recomendo a qualquer pessoa”, garante.

Como ela há mais mas quase todos são novos por estas andanças. Até mesmo os participantes. Alguns já discursaram noutros sítios mas a maioria estava a enfrentar os nervos da primeira vez a apresentar-se perante a audiência. O que cada um vai dizer fica ao seu critério mas, Paulo Renato, de 36 anos, que também apareceu pela primeira vez, decidiu apostar numa espécie de reflexão sobre o significado. “Fiz esta apresentação porque quero ajudar as pessoas a refletir. É importante que todos façam isso porque todos temos uma palavra a dizer sobre aquilo que se passa hoje em dia”, esclarece.

Contar histórias que mudam vidas

No entanto, se uns decidem apresentar temas mais formais, no caso de Maria Costa, de 21 anos e natural do Porto, o tema central foram os 5 sentidos e, para começar, decidiu trocar de roupa no palco. A ideia era mudar a aparência formal para um estilo mais descontraído e provar que a imagem não é o mais importante. Ainda assim, a apresentação que arrancou mais aplausos por parte da audiência foi a de Bento Amaral, professor universitário e campeão paralímpico, com o título “A felicidade hoje e agora”. Pela sua história de vida e condição de deficiente motor, relativizou qualquer sentimento negativo e provou que o que custa mais é só o primeiro passo.

E o Ignite parece ser isto mesmo: um conjunto de histórias distintas mas que se aproximam na mensagem positiva que querem passar. Não sendo a cura para a crise, ajuda a descontrair, a passar um serão animado e até a comunicar melhor.

As iniciativas acontecem um pouco por todo o país porque Ana Silva garante que “o Ignite se espalha de uma forma viral”. Para quem se quer aventurar e subir ao palco, tem de deixar a sua inscrição no site e esperar que seja selecionado.