O Trail Urbano do Porto quer trazer à cidade um novo conceito de trail. Através de corrida ou caminhada, “vai ser permitido ao participante descobrir vielas e túneis medievais, as famosas caves de vinho do Porto, escadarias de granito, pontes únicas no mundo, muralhas seculares” e muitos dos monumentos característicos da cidade.


Jorge Azevedo
, da organização, pretende que as pessoas percebam bem que esta não é “uma corrida de estrada” nem um evento como os outros, à semelhança do que já se faz na cidade. Este é um evento de trail urbano, para conhecer e explorar o Porto, tal como já se faz em cidades lá fora, como em França e no Luxemburgo, por exemplo.

Jorge Azevedo e Pedro Balonas foram os cérebros da ideia. Praticantes de trail de montanha, “uma corrida com mais desnível e muito mais exigente fisicamente que a corrida de estrada”, começaram a sentir algumas dificuldades de treino. As deslocações frequentes para a montanha eram impossíveis durante a semana. A cidade do Porto acabou por se afigurar uma óptima solução.

“O Porto tem as características de uma montanha e o treino acaba por ser muito similar”, diz Jorge Azevedo. “Começámos a adorar treinar na cidade, a descobrir sítios de que já não nos lembrávamos”, garante. Da descoberta à ideia de organizar uma prova neste ambiente, foi um saltinho. Ao projeto uniu-se entretanto Miguel Catarino, também praticante de trail. A ideia, a fermentar há cerca de um ano e meio, está cada vez mais perto de se tornar realidade, mas ainda não tem uma data definitiva. “Não queremos avançar com datas, mas deverá ser no outono”, afirma Jorge Azevedo.

Com três percursos definidos e a possibilidade de caminhada nos dois menores, qualquer um pode participar. “Esta é uma experiência não só para os corredores mas para as suas famílias”, afirma Jorge. Para os mais aventureiros e os craques do trail, há o percurso extreme de 46 quilómetros. Para quem gosta de correr, mas ainda não tem muita experiência, há uns 24 quilómetros “mais puxadinhos” e, por fim, para os amadores, o percurso de 12 quilómetros. Em qualquer um deles, “túneis, escadas, vielas e calçadas vão exigir o melhor” de cada participante. O exigido é simples: sapatilhas confortáveis e muita vontade, já que os preços de inscrição ainda não estão definidos.

Projeto quer ir mais além e trazer turismo à cidade

“Mas isto não é para ser uma corridinha, é para ser uma coisa em grande”, garante José Azevedo. “Queremos que isto seja o evento do Porto, não queremos uma prova de 200 pessoas. Aliás, esperamos mil na primeira edição, 2.500 na segunda e seis mil na terceira”, sublinha. Assim, Jorge e Miguel têm percorrido algumas provas para conhecer e divulgar a ideia a nível internacional, com um objetivo muito claro. “Não queremos vender só o evento, queremos vender Portugal e mostrar que as pessoas podem correr com desafio e ao mesmo tempo conhecer uma cidade fantástica”, afirma. Na última prova urbana, em Lyon, a dupla acabou até por sair no jornal local.

Além das provas, fotos e vídeos de promoção, a equipa organizou ainda um Free-Running Noturno para o próximo dia 27 de abril, com local de encontro junto à Alfândega, que irá passar por alguns dos locais dos percursos oficiais da prova. Este Free-Running terá a duração de cerca de duas horas e não é uma prova de competição, mas uma “espécie de treino” ou um “passeio noturno” a correr ou caminhar, sempre a um ritmo de baixa intensidade para “quem quiser aparecer”, já que “o ritmo é o do último”, garante Jorge. O circuito possibilita “ver aquilo que de mais típico e bonito o Porto tem”, além de que estarão presentes grandes atletas do trail, como Armando Teixeira.

Para já, a divulgação parece estar a ter um feedback muito positivo. Só na última semana, o Facebook do evento foi visto por mais de 40 mil pessoas oriundas de sítios tão distintos como o Uruguai, a Sérvia ou os Estados Unidos, mais os países europeus. Mas o sonho da organização vai mais longe. A equipa pretende replicar esta prova em outras cidades portuguesas e criar um UrbanTrailSeries, ou seja, ligar esta provas às que já se fazem na Europa e criar uma espécie de “trajeto europeu” do trail urbano.