José Lima é micaelense, logo açoreano e, quando confrontado com uma eventual independência da região autónoma, é perentório. “Na atualidade não há condições para que se possa partir para a independência”, afirmando que no arquipélago o que se produz “não é suficiente” para a “subsistência” da região. A 1195 quilómetros de distância a opinião não muda. Carlos Neves, madeirense, não é defensor da “independência” da ilha. O madeirense recorre a argumentos históricos para apoiar a sua tese, referindo que “se, na nossa história, sempre pertencemos a um país”, não faria sentido deixar de ser “patriota”.

Marlene Sá, também natural da Madeira, partilha da opinião acima verificada. A madeirense argumenta dizendo que este ponto de vista é partilhado pela generalidade dos seus conterrâneos, embora “haja quem tenha outra visão”. Diogo Bessa, açoreano, revela que também os autóctones açoreanos não possuem um sentimento “independentista”. Carlos Neves, conterrâneo de Marlene Sá, explica por que é que tal panorama parece ser irreal: “Os próprios órgãos [regionais] estão muito ligados à República e a independência é uma questão virtual.”

Insulares não se sentem descriminados pelo “continente”

Muitas vezes, os nativos de outras regiões são fonte de anedotas e de uma certa “descriminação”. É o caso dos alentejanos em Portugal e dos franceses da Bretanha. Os insulares, tanto madeirenses como açoreanos, admitem que existe esse tratamento. Contudo não concordam que chegue ao patamar de “descriminação”. José Lima tem uma opinião radicalmente diferente. O açoreano refere que a “sensação” que tem é de que há “um forte apoio às regiões ultraperiféricas”. Já os madeirenses alegam que se sentem mais “olhados de lado”, principalmente depois da questão da dívida da Madeira ter surgido. Contudo, Carlos Neves acredita no valor do povo madeirense para dar a volta por cima. “Cabe-nos a nós dar uma nova imagem da nossa ilha”, acredita.

Nem sempre os tempos foram favoráveis para aqueles que desejam uma ligação com Portugal continental. Já houve tempos, especialmente imediatamente após o 25 de Abril, em que a independência era fortemente desejada. Foram criadas frentes, a Frente de Libertação dos Açores (FLA) e a Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira (FLAMA), que eram partidárias da independência destas regiões. Todavia, estas associações parecem ter perdido fulgor com os tempos. José Lima diz que estes movimentos estão “parados” e menos ativos. Marlene Sá é da opinião que a FLAMA ainda está ativa, porém muito menos do que no período do 25 de Abril. Assim sendo, a questão da independência para ser assunto enterrado entre os insulares.