A terça-feira é, para muitos, um dia obrigatório para se ir à Queima das Fitas. Tanto é que os bilhetes esgotam cedo, deixando muita gente desconsolada. Após uma segunda-feira chuvosa, os estudantes agradeceram a trégua dada pela chuva intensa, não só durante o cortejo mas também durante a noite, em que apenas caiu uma chuva fininha.

Pouco depois da hora marcada, uma das duplas de comediantes mais acarinhada pelo público subiu ao palco, naquela que foi a sua estreia na Queima das Fitas do Porto. João
Paulo Rodrigues
e Pedro Alves, mais conhecidos por Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, não vieram sozinhos e trouxeram uma banda com eles – “Os Sentimento Sensação”. Ao som da banda sonora de Looney Tunes e Star Wars fizeram-se as apresentações, após as quais a dupla comentou: “Vocês são os maiores por estarem aí à chuva”.

A dupla viajou pelo seu repertório de músicas brejeiras, ao mesmo tempo tocando em estilos musicais tão díspares como o fado ou o reggae. Nem os Beatles escaparam a uma modificação do famoso “Yellow Submarine”. O público acompanhou com entusiasmo, cantando as letras a alto e bom som. Se prova faltasse que os dois são queridos por várias faixas da população, a visão de um rapaz de cerca de 10 anos empoleirado na grade a cantar as músicas tirava todas as dúvidas.

Rita Pedro é fã de Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, já os tendo visto ao vivo, e conta ao JPN que este foi um concerto diferente, mais “fixe” por estarem acompanhados de uma banda.

Já na conferência de imprensa, Pedro Alves afirmou que o público do Porto é “fantástico” e que é “muito bom” sentirem-se “em casa”. “Eu diverti-me no palco”, acrescenta. João Paulo Rodrigues explicou que não havia outro formato possível, apenas stand-up seria aborrecido. O espetáculo que mostraram na Queima “é muito mais dinâmico para pôr o pessoal a cantar”.

Quim Barreiros, fórmula vencedora

À hora do “Mestre da Culinária” já o recinto estava bem composto e preparado para dançar. Depois da introdução, Quim Barreiros arrancou logo para a música, após recomendar ao público que se divertisse. O público respondeu à chamada e respondeu logo com um “salta Quim”.

Quim Barreiros repetiu a fórmula vencedora dos outros anos e a estudantada já estava preparada para responder. Com uma energia inesgotável, lançou música atrás de música e não se cansou de as dedicar aos finalistas. Mas nem todos vêm à terça para o baile. Hugo Gonçalo afirma que, para ele, o concerto de Quim Barreiros é um fator secundário na Queima.

Passar tarde na tribuna

Nem todos conseguem sair do cortejo a tempo para ir aos concertos. Catarina Pereira é finalista da ESAD, a penúltima instituição a passar a tribuna. A estudante conta que muitos dos seus colegas que fazem questão de completar o ritual chegam à Queima por volta das 03h00, ou seja, já sem a possibilidade de verem algum concerto.

Já António Paulo, da Universidade Fernando Pessoa, afirma que os alunos desta instituição passam em último por opção e que há um consenso geral sobre a questão. O porquê de irem em último deve-se ao facto de “não gostarem de quem vai à frente”, afirma o jovem.

Quer se chegue tarde ou cedo, a nostalgia perante a última Queima parece ser consensual. Cátia Peixoto, finalista da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), afirma que é a última Queima, mas apenas “enquanto estudante”, pois há-de voltar. Nelma Palma diz que a última ida ao Queimódromo enquanto estudante “é uma tristeza, uma angústia e uma nostalgia”.