O palco já se foi, mas o barulho que se ouve no recinto da Queima das Fitas ainda é muito. Não é som de festa, mas sim de ferramentas e camiões que desmontam as “barraquinhas” que marcaram a semana mais louca dos estudantes universitários do Porto. Apesar de algumas ainda estarem intactas, o trabalho não pode parar, nem com o sol abrasador.

Para Miguel Oliveira, vice-presidente da Federação Académica do Porto (FAP), o processo de desmontar é mais díficil do que o de montar. O ânimo e a expectativa na montagem, que antecede a Queima, dão lugar a um processo “mais moroso e lento” de desmontagem, diz. Perto da entrada, na barraca de Direito da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Rodrigo Amaral concorda que, depois de uma semana “em grande”, desmontar é o mais complicado.

Mas, na altura de desmontar, o processo é diferente de caso para caso. O estudante da UCP conta que há muitas barracas que têm empresas por detrás do processo de desmontagem. “É muito mais fácil, chegam cá no próprio dia e vão-se embora”, confessa.

Onde o trabalho é todo “manual” e sem empresas envolvidas, é na barraca da ESAP, na ponta do recinto. Levou uma hora e meia para as sete pessoas que estão a desmontar a barraca a deixarem como está. Filipa Teixeira, a presidente da Associaçao de Estudantes, recorda que lhe roubaram a barraca no ano passado, portanto, está a fazer tudo para o mais rapidamente possível, apesar das complicações no terreno.

Na barraca ao lado, que pertence ao ESTSP, o ritmo parece ser mais efusivo. Diana Sousa, aluna da escola superior, diz que há cerca de 50 pessoas responsáveis por montar e desmontar a barraca mas que, neste momento, só estão 10 a trabalhar. A estudante garante que, dentro de uma hora e meia, o trabalho está terminado.

Segundo Miguel Oliveira, o processo de desmontagem está dentro dos timings. A partir de uma mapa de desmontagem do recinto, delineado pela FAP, “toda a gente sabe quando tem que começar e quando tem que acabar”. Apesar do calor atrasar os trabalhos, o vice-presidente promete abandonar o recinto até ao final da semana.

A Queima das Fitas é, anualmente, organizada pela FAP, que lida com várias organizações como associações de estudantes, empresas de recolha do lixo, seguranças e, claro, polícia e ambulâncias. Miguel Oliveira diz que houve preocupação da federação em perceber as necessidades do Queimódromo para um melhor planeamento da Queima das Fitas.

Para o ano há mais

Pedro Celas olha o presente como deprimente e lamenta, após uma semana “cheia de emoções”, ter de se despedir do recinto que o recebeu este ano. Filipa Teixeira não partilha da mesma opinião e já não vê a hora de abandonar o recinto. “Quero arrumar com a Queima de vez”, garante.

Para trás fica uma semana de loucuras, música e alguns excessos. Miguel Oliveira promete que “tudo voltará à normalidade” até sexta-feira, no recinto que vai receber, muito em breve, o Primavera Sound. Para os mais saudosos, o encontro fica marcado para o próximo ano, na Queima das Fitas de 2013.