É cada vez mais complicado para as famílias cumprir prazos de pagamento, não só das propinas mas também das despesas associadas à frequência do ensino superior, fazendo da permanência na faculdade quase um luxo. O problema é que, hoje em dia, os esforços parecem valer pouco: atualmente, “tirar um curso no ensino superior não é um passaporte para uma inserção qualificada no mercado de trabalho”, afirma João Teixeira Lopes.

O sociólogo e professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto destaca a importância de se ter formação – e vai além da licenciatura -, mas fala de uma “perda de crença na eficácia do ensino superior” que não pode ser ignorada. É evidente que “um diploma do ensino superior protege mais do desemprego do que não o tendo”, mas na prática não é o que parece.

“Temos um mercado de trabalho que insiste nas profissões desqualificadas” e o “facto de cada vez mais as propinas só servirem para pagar salários nas universidades e politécnicos, também está a causar problemas”, explica o sociólogo. “Nunca chegamos a ser muito bons. Quando caminhamos para lá, cortam-nos as asas”. E este aumento de propinas pode ser exatamente isso.

A verdade, é que esta falta de reconhecimento das qualificações dos jovens e o descrédito no ensino superior tem levado ao aumento do desemprego e da emigração. Muitos jovens saem do país para procurar outros locais onde serão mais recompensados. João Teixeira Lopes diz que esta tendência tem de acabar: “Portugal tem que passar a ser um país de qualidade e isso só se faz com pessoas qualificadas. Se elas vão para fora, não conseguimos mudar”, remata.