Com o Verão distante a procura deste tipo de bronzeado artificial é maior do que em qualquer outra altura do ano, tal como explica Sandra Soares, colaboradora num centro de estética do Grande Porto. “Há sempre viciados em manter o bronzeado, e no Verão têm a praia. Não se nota quebra relativamente ao ano passado, por vezes até há fila para o solário”. Os preços low-cost praticados ajudam à procura. “Depende dos tipos de pele, mas temos sessões de 10, 15 e 20 minutos, a 4, 5 e 6 euros, respetivamente”.

O solário é, basicamente, uma máquina que emite raios ultravioleta que bronzeiam a pele e têm um efeito parecido à exposição solar tradicional. Habitualmente a procura é feita por vaidade, mas há também quem recorra por necessidade, como para o tratamento de doenças como o acne e a psoríase. Segundo Sandra Soares, é cerca de “30% necessidade e 70% vaidade, porque as pessoas gostam de se olhar ao espelho e ver um tom bronzeado ao longo de todo o ano”.

“A possibilidade de cancro da pele não é um mito”

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Quando se recorre ao solário, há muitas medidas a ter em conta: o uso de óculos adequados, não olhar para o emissor quando em funcionamento, não usar cremes, perfumes ou loções, não usar maquilhagem ou jóias e não utilizar cremes de proteção solar à exceção do batom do cieiro. Mesmo assim, esta prática está ainda proibida a menores de 18 anos e desaconselhada a grávidas.

Para a funcionária, os benefícios podem ultrapassar os perigos se houver cuidados prévios. “O solário é como tudo na vida: tem as suas vantagens, mas se usado e abusado trará consequências”. A possibilidade de cancro na pele não é um mito: independentemente do tipo de exposição, quando a pele não está protegida, há perigos. No entanto, a comunidade médica tem uma posição menos favorável quanto ao bronzeado artificial, justificado apenas como tratamento (fototerapia) de algumas doenças cutâneas.

Amélia Godinho sofre de psoríase e recorre a sessões de fototerapia, uma exposição controlada e com pouca incidência de raios ultravioletas. “Consigo estar mais tempo sem qualquer lesão na pele. As lesões desaparecem e fico com a pele mais lisa”, conta. A utente, que também faz tratamento no hospital, à base de medicamentos, diz continuar a preferir expor-se ao sol na praia ao invés de estar “dentro de uma máquina fechada”, mas acredita que “ambos são perigosos se não forem bem controlados”.

Apesar do ceticismo de que é alvo, esta prática tem sofrido uma evolução a nível dos equipamentos. O número de lâmpadas é menor e estas são agora menos agressivas. Ainda assim, o envelhecimento prematuro da pele e o risco de desenvolvimento de patologias graves são as potenciais sequelas mais conhecidas. Mas quer os benefícios para determinadas doenças cutâneas quer a vaidade parecem, muitas vezes, falar mais alto quando chega o momento de bronzear… no inverno.