Os jogos eletrónicos podem ter efeitos positivos na capacidade cerebral dos jogadores. Segundo um estudo da Universidade Técnica de Nanyang, em Singapura, publicado na revista “Plos One“, os utilizadores de jogos eletrónicos de ação ou estratégia, em telemóveis e tablets, podem melhorar as suas capacidades cognitivas e percetivas.

Durante um mês, 75 participantes dos dois sexos, divididos em grupos de cinco, jogaram uma hora diária, cinco dias por semana. Os investigadores, Adam Chie-Ming Oei e Michael Donald Patterson, concluíram que “treinar capacidades cognitivas específicas com frequência num jogo de vídeo, melhora o rendimento em tarefas que partilham essas características”.

Diferentes jogos afetam diferentes capacidades

O estudo realizado em Singapura indica ainda que diferentes jogos afetam diferentes capacidades do cérebro humano. Neste sentido, os jogos de ação melhoram a perceção visual e a atenção em vários objetos, simultaneamente. Por sua vez, os jogos que envolvem buscas ou estratégias de combinação de objetos melhoram a procura visual e a memória espacial dos jogadores.

Josué Pereira, neurocirurgião no Hospital de S. João (HSJ), no Porto, concorda com as conclusões do estudo e acrescenta que os jogos “desenvolvem rapidez de pensamento e agilidade motora e manual”, assim como outras “capacidades visuais e intelectuais de execução de conhecimento”.

Contudo, este tipo de jogos também podem ser prejudiciais para a saúde dos utilizadores, na medida em que provocam “dependência, irritabilidade, cansaço, afastamento da realidade” ou até a “vivência de realidades virtuais”, que podem “agravar doenças neurológicas ou desencadear crises epiléticas”, disse, em entrevista ao JPN.

Os autores da investigação alertaram ainda para a temática violenta deste tipo de jogos, que não devem ser utilizados por menores, opinião partilhada pelo neurocirurgião do HSJ. Josué Pereira explica que “as crianças são mais vulneráveis”, uma vez que os jogos eletrónicos podem ser, por um lado, “práticas socializantes” e, por outro, “fator de afastamento ou de conflito entre amigos”.