O desporto é um fenómeno cultural e social que move grandes massas em todo o mundo e onde a homossexualidade, em particular no masculino, ainda parece ser um tema controverso e mediático.

Jason Collins, 34 anos, é atleta da Liga de Basquetebol Norte-Americana (NBA) e assumiu, esta segunda-feira, a sua homossexualidade. A revelação foi feita num artigo que sairá no próximo número da revista Sports Illustrated, tornando Collins no primeiro desportista profissional, ainda no ativo, a fazê-lo nos Estados Unidos da América (EUA).

Onda de apoio a Jason Collins

Jason Collins recebeu, através das redes sociais, diversas mensagens de apoio de colegas, como Kobe Bryant, por exemplo: “Não sufoques quem és por causa da ignorância dos outros”, escreveu no Twitter. As mensagens de apoio chegaram também da sua equipa, os Washington Wizards, da NBA, de jornalistas e até de Bill Clinton. Robbie Rogers também se mostrou satisfeito: “Não o conheço mas estou feliz e orgulhoso por ele e pela reação positiva da sociedade”, disse

O jogador disse que não era seu objetivo ser o primeiro, mas admite ficar “feliz por se falar do tema”. O anúncio provocou grande atenção e destaque nos media norte-americanos, mas Jason está tranquilo: “Na próxima temporada, é provável que haja mais olhos postos em mim. Isso só me motiva para trabalhar mais”, afirmou à revista. O atleta também não se mostra preocupado com a reação dos adeptos: “Não quero saber se me vão importunar. Já fui apupado antes”, confessa.

A homossexualidade e o fim da carreira aos 25 anos

Não se sabe o que vai mudar na vida de Jason Collins após este anúncio, mas na Europa há quem tenha anunciado o fim da carreira ao mesmo tempo que a orientação sexual. Em fevereiro, o também norte-americano Robbie Rogers, de 25 anos, assumiu-se gay e anunciou o fim da carreira como futebolista, através do seu site pessoal. Rogers, em entrevista ao The Guardian, explicou que “é impossível assumir-se gay no futebol” e confessa que teve “medo da reação dos colegas”.

A “estreia” de Justin Fashanu

Mas o primeiro futebolista profissional a assumir publicamente a sua homossexualidade foi Justin Fashanu. Natural de Inglaterra, jogou futebol entre os anos 80 e 90 e, em 1990, assumiu a sua orientação sexual. Foi criticado por antigos colegas, técnicos, adeptos e tornado numa estrela mediática. Em 1998, foi acusado de abuso sexual por um rapaz de 17 anos mas nunca se chegou a provar nada: Justin Fashanu acabou por se suicidar numa garagem, em Londres.

A sua história deu o mote para a criação da Justin Campaign, uma fundação que luta contra a homofobia no futebol.

Cenário diferente no feminino

De facto, a homossexualidade ainda é um tema delicado no mundo do desporto e poucos atletas confessam a sua orientação sexual antes de se retirarem. No feminino, a situação já muda de figura e há alguns exemplos de desportistas que se assumiram homossexuais antes de terminarem a carreira, como as norte-americanas Brittney Griney (basquetebol) e Megan Rapinoe (futebol).