A CGTP-IN é a primeira a estrear-se nas ações de rua previstas para outubro: ainda antes de ser apresentado oficialmente o Orçamento de Estado para 2014, já a organização sindical apelava “à mobilização e participação de todos na travessia da ponte 25 de Abril”, em Lisboa, e da ponte do Infante, no Porto.

A manifestação “Por Abril – Contra a Exploração e o Empobrecimento”, a decorrer no dia 19 de outubro foi, no entanto, proibida pelo ministério da Administração Interna, por “razões de segurança” na travessia da ponte 25 de Abril, em Lisboa. A CGTP afirmou, no entanto, que se trataria “de questões políticas” e alegou que tinha garantiu todas as medidas de segurança necessárias.

Ainda assim, o ministério de Miguel Macedo não cedeu. Chegou a propor uma realização do mesmo na ponte Vasco da Gama, a central sindical recusou: “Não se trata de uma disputa, mas sim de um exercício de um direito num local simbólico”, sublinhou Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP.

A CGTP não pode, no entanto, e manter a sua posição de marchar pela ponte. “Reafirma a realização” do protesto, mas agora em Alcântara, às 15h. A ponte 25 de Abril continuará a fazer parte do percurso, mas os manifestantes terão de a atravessar de carro. No Porto, o local mantém-se.

“Que se Lixe a Troika” junta-se à onda de protesto

Boleias Revolucionárias

Quem não tiver marcado na sua cidade um protesto, pode sempre deslocar-se à cidade mais próxima. No entanto, nem sempre é fácil ou há possibilidade de o fazer. Assim, surge o “Boleias Revolucionárias“, um grupo na rede social Facebook que se destina “a todos os que querem participar em manifestações mas não têm meios financeiros para se deslocarem” ou só para aqueles “que têm um lugar extra no carro e o querem ocupar com uma boa conversa”. Neste caso, não se cobra pela boleia, “a não ser que a pessoa a quem é dada boleia queira contribuir com as despesas”.

Solidário com estas marchas, está o movimento “Que se Lixe a Troika“, também com uma manifestação agendada para 26 de outubro. “Apoiamos e achamos por bem marcar presença na manifestação de dia 19”, diz Adriano Campos, do movimento, em entrevista ao JPN. “Há sempre pessoas que vão a uma e não vão a outra, por questões diversas, mas são as duas direcionadas para o Orçamento de Estado por isso acabam por se complementar”, refere.

“Setores vitais para a nossa sobrevivência estão a ser entregues a banqueiros e especuladores, que os reduzirão à razão do lucro: água, energia, transportes, florestas, comunicações”, lê-se, na página do evento, nas redes sociais. “A quem está farto de ver vidas penhoradas e esvaziadas, fazemos o apelo a que se junte a nós na construção da manifestação de 26 de Outubro”, dizem.

Com a esperança de que seja “uma manifestação bem participada” mas ainda sem estimativas, o movimento sabe que “depende de como a situação política evoluir”. A data, à semelhança do que aconteceu com a de 19 de outubro, foi escolhida a dedo: “Foi precisamente por sabermos que o Orçamento de Estado já teria sido apresentado, com todos os seus problemas e as suas injustiças”, explica Adriano.

Este Governo “já não tem legitimidade para estar em funcionamento”

Não deixam, por isso, de contar com “a população”, tendo em conta “o desastre humanitário que se abate sobre o país”, para “exigir a demissão do Governo, que já não tem qualquer legitimidade para estar em funcionamento”. Em jeito de incentivo, Adriano fala dos casos “bem sucedidos”: “Contribuímos para a queda de ministros como o Miguel Relvas. Foi bastante martirizado pelo movimento e acabou por se demitir, por isso este movimento já conseguiu algumas coisas e é essencial que continue a tentar”.

“Seja qual for o número de pessoas”, diz Adriano, o movimento quer “uma participação mais animada” e está a preparar algumas atividades para “politizar a partida”, por exemplo, e ainda a “apelar às pessoas para que levem algo seu para a manifestação, à semelhança do 12 de março”.

O protesto está marcado para várias cidades do país, no mesmo dia, sempre às 15h. No Porto, a manifestação começa na Praça da Batalha e segue até aos Aliados. Até ao momento, pouco mais de 500 pessoas confirmaram a sua presença. Na subscrição do apelo nacional, cerca de 800. “Os próximos dias são essenciais”, diz Adriano. “O 15 de setembro foi exemplo disso: estávamos à espera de não mais de duas mil, três mil pessoas no Porto e houve a TSU [Taxa Social Única]. A ideia de que as pessoas tiveram da injustiça, levou 10 mil pessoas à rua”.