Já todos tivemos a experiência de nos deitarmos mais tarde do que era suposto – seja qual for a razão -, deixarmos-nos dormir como se não existissem horários e acordar, por volta das três da tarde, com a mãe ou o pai a zumbir-nos ao ouvido que somos uns “preguiçosos do piorio”, enquanto lutam com as nossas mantas ou com o estore da janela, numa tentativa de nos fazer, finalmente, levantar.

Porém, a partir de agora agora, já se pode “jogar a carta da genética” em jeito de resposta. Isso mesmo – é que um estudo levado a cabo na Universidade da Califórnia veio comprovar que a nossa herança genética é um dos fatores que determina quantas horas de sono precisamos para nos sentirmos bem.

“Os nossos pais, através dos genes que nos transmitem, é que determinam quantas horas precisamos de dormir”, explica Louis Ptacek, investigador responsável pela investigação, em entrevista à BBC. Claro que quando se trata do ser humano, as coisas acabam por nunca ser tão lineares e esta necessidade é ainda influenciada pelo relógio biológico de cada um.

“Se o relógio for mais rápido, a pessoa tem mais propensão a gostar de fazer as coisas cedo. Se suceder o inverso, será mais notívago”, salienta Derk-Jan Dijk, professor do centro britânico de investigação do sono, da Universidade de Surrey.

É por estas razões que, apesar de aparentemente todos termos os mesmo horários durante as 24 horas que dura um dia na Terra e células nervosas que são reativadas pela luz, temos relações muito díspares com o sono.

Dormir pouco pode estar associado a doenças neuro degenerativas

Já o que é demais nunca resulta, mas a verdade é que uma boa noite de sono só pode trazer benefícios – e essa é já uma verdade universal. A Universidade de Uppsala concluiu que basta ficar apenas uma noite sem dormir para que aumentem os níveis de determinadas moléculas prejudiciais ao cérebro – normalmente associados a doenças neuro degenerativas.

Christian Benedict, investigador responsável pelo estudo, garante mesmo que dormir bem “pode ser uma situação crítica para manter a saúde do cérebro”. Dormir ciclos regulares promove mesmo a descida – em cerca de 30 por cento – na glucose do cérebro durante a fase de sono, ou seja menos perda de energia do sistema nervoso central.

Para chegar a esta conclusão, a equipa da Universidade de Uppsala recolheu amostras de sangue de 15 homens jovens de peso médio. A primeira vez depois de uma noite em claro e a segunda após uma noite de sono de oito horas.