O centro histórico do Porto pode vir a ficar submerso nos próximos dois mil anos, segundo um estudo publicado na revista Environmental Research Letters.

A subida do nível das águas do mar deve-se ao aumento da temperatura da Terra e, segundo Virgínia Teles, professora no departamento de Geografia da Universidade do Minho, as causas deste aumento são humanas, mas também naturais. “Nós achamos que a emissão para a atmosfera de gases de efeito de estufa leva ao aumento da temperatura. Mas não é só essa parte humana. Muitas vezes uma erupção vulcânica pode provocar uma interseção na radiação solar e até na radiação terrestre e pode gerar também esse aumento. De qualquer forma, a ação humana tem tendência a agravar”, explica.

O estudo, realizado pelos investigadores Ben Marzeion, da Universidade de Innsbruck, na Áustria, e Anders Levermann, da Universidade de Potsdam, na Alemanha, avalia o efeito da subida do nível do mar nos sítios classificados como Património Mundial da UNESCO.

Na lista, constam ainda nomes como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, parte das vinhas da ilha do Pico e a zona central de Angra do Heroísmo. A nível internacional, monumentos como a Estátua da Liberdade ou a Torre de Londres, e muitas zonas históricas de cidades como Bruges, Nápoles e São Petersburgo correm também o risco de ficarem debaixo de água.

Baseando-se em modelos sobre a expansão térmica do oceano e o derretimento do gelo dos glaciares, da Antártida e da Gronelândia, o estudo diz que o mar ficará em média 2,3 metros mais elevado ao fim de dois milénios, em comparação com o que está atualmente.

“Na nossa costa, um dos grandes problemas é que as pessoas constroem onde não deviam. Depois quando há marés vivas, como este ano, a força da água é brutal e não há areia que resista. Por isso o grande problema é que as pessoas constroem muito na linha de costa”, garante a professora. Ainda assim, tem algumas reservas quanto à possível submersão: “O sistema natural é tão aleatório. Pode acontecer mais cedo ou então pode nem acontecer. Mas se nos continuarmos a construir onde não devíamos pomo-nos a jeito”. Ainda assim, diz, a nossa sociedade é um bocadinho “alarmista”.