No dia em que o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, se confessou como um grande fã de Xutos&Pontapés, cujas músicas ouvia no banho, os elementos da banda portuguesa foram anunciados como os padrinhos da edição 2014 do festival Meo Marés Vivas.

“É um orgulho de ter nesta edição a banda que é, para todos, a marca de uma geração e fundamental na música portuguesa”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues. Em conferência de imprensa, também Zé Pedro, guitarrista do grupo, se mostrou contente com a possibilidade de voltar a subir ao palco daquele que já considera “um dos grandes festivais de verão nacionais”. “A organização conseguiu colocá-lo a competir com outros festivais com maior poder monetário, por exemplo”, diz.

Os Xutos 35 anos depois

Este espírito rebelde e imprevisível associado às marés vivas é o espírito dos Xutos? Eu acho que é o espírito da vida que abraçamos há uns anos. É tudo muito imprevisível e vamos sempre vivendo ano a ano,a ver se aguentamos. Hoje em dia tornamo-nos sólidos. Mas em Portugal fazer música é muito arriscado e imprevisível.
Como é que se consegue prender os fãs durante tanto tempo? Não sabemos muito bem a fórmula ou como ela funciona. Mais do que tudo, tem que haver uma honestidade muito grande e essa honestidade tem de chegar às pessoas. Talvez seja esse o grande trunfo de se conseguir uma carreira longa num mercado tão pequeno como Portugal.
Os Xutos estão na flor da idade? Estamos (risos). Acho que o [novo] álbum nos transmitiu isso. O ambiente entre nós está muito saudável e muito se deve ao tempo juntos em estúdio, a discutir as músicas e os resultados finais… Passados 35 anos, é louvável. Cinco pessoas fechadas num sítio a compor e com o mesmo objetivo. O resultado vê-se no álbum “Puro” e também nas comemorações do aniversário.

“Vai ser a comemoração dos 35 anos no Norte”

O dia em que atuam, 17 de julho, também agrada particularmente ao músico: “É um óptimo dia, Prodigy é um óptimo cabeça-de-cartaz e vamos ter a oportunidade de ver o concerto in loco“, afirma. Também Kalú, quem “tem uma afinidade especial com o município de Gaia”, está “muito contente” com a atuação no Marés Vivas. “Vai ser a comemoração dos 35 anos [da banda] no Norte”, garante.

Mas para além dos portugueses, Joss Stone, Skrillex, James Arthur ou ainda Portishead marcam presença no festival, que acontece de 17 a 19 de julho. Um festival “muito importante”, no ponto de vista da Câmara, “não só para o município mas para a região” – uma das razões pelas quais “vai continuar a ser apoiado” pela autarquia, naquilo que for necessário.

O “cenário paradisíaco” da Praia do Cabedelo, como o descreveu Eduardo Vítor Rodrigues, mantém-se como espaço oficial do evento. Também a lotação de 25 mil pessoas por dia se mantém inalterada: uma forma da organização mostrar que se preocupa com os festivaleiros. “É o ideal e é o suficiente para o espaço”, garante Jorge Lopes, diretor da PEV Entertainment, produtora do festival.

Lotação esgotada e internacionalização

“Ter lotação esgotada também é uma boa sensação” e o ano passado foi o que aconteceu. Este ano a meta é a mesma e parece seguir no bom caminho: “Estamos muito satisfeitos com a cadência de vendas, principalmente dos passes de três dias”, conta Jorge. Uma prova de que “as pessoas vêm ao festival independentemente dos artistas”, afirma.

Quanto a “outros voos”, como a internacionalização, já muito procurada por outros grandes festivais portugueses, Jorge mantém-se com os pés na terra. “Isso consegue-se com o reconhecimento que o Marés Vivas já vai tendo e tem estado a queimar etapas nesse sentido”, ainda assim, não é uma prioridade. “Somos um bocadinho nacionalistas. Gostamos de ter artistas portugueses e de trabalhar para um público português”, garante.