É no número 56 da Praça dos Poveiros, no Porto, que encontramos um edifício típico da cidade. Um baixo-relevo em granito encabeça portas envidraçadas de ferro forjado. Dentro, um minúsculo quiosque no rés-do-chão, junto às escadas com detalhe azulejar que temos de subir para chegar ao primeiro andar e ao “Sismógrafo” – uma galeria construída e curada pela associação “Salto no Vazio”.

Sim, construída, porque coube aos integrantes rebocarem e pintarem as paredes, e até instalarem o sistema elétrico. Com este espaço, a associação quer preencher algumas lacunas na oferta que o Porto tem em termos de exibição de artes plásticas. Sebastião Resende, artista escultor, admite que a “Salto na Vazio” “tem uma desvantagem relativamente a outras estruturas com um plano financeiro mais musculado”, mas possui a capacidade de “colmatar algumas falhas na cidade”.

Numa organização sem fins lucrativos, o sucesso comercial não é de todo um dos objetivos e, desta forma, recusam candidatar-se a dinheiros públicos. Aliás, o curador, Óscar Faria, define um funcionamento em “auto-gestão” por ser um termo “menos abrangente que auto-financiamento, por isso, politicamente mais correto”.

O que vem aí

Futuramente, o “Sismógrafo” contará com atividades como um concerto do músico italiano Claudio Rocchetti (12 de abril, sábado), um ciclo dedicado ao sado-masoquismo e uma exposição coletiva intitulada “Sem Quartel”.

O que regista o “Sismógrafo”

Com um horário bastante específico (quintas a sábados, das 16h às 19h), a associação vai procurar uma presença paralela bastante ativa. Quer no site quer na newsletter há uma característica mutante, variando em forma com cada exposição ou performance albergada. Carlos Mesquita aponta a newsletter como “uma dimensão igualmente importante do Sismógrafo, que pretende expandir a sua ação”.

De momento, o “Sismógrafo” é a casa da exposição “Fecit Potentiam”, de Sebastião Resende. Recorrendo a bichos-da-seda, Sebastião explora a relação entre materiais e forma. Com peças como uma planta tridimensional do rés-do-chão do Museu de Serralves populada pelas criações de bichos-da-seda ou um mosaico de origens do comércio de seda, o visitante é convidado, nas palavras do autor, “a explorar as metamorfoses e as transformações que ocorrem na natureza”.