Poder testar medicamentos, treinar exames e aprender com os erros, literalmente, sem consequências para terceiros, são as principais mais-valias do novo Centro Biomédico de Simulação (CBS) que, nesta quarta-feira, foi inaugurado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e contou com a presença de Paulo Macedo, ministro da Saúde. Destinado a estudantes desde o primeiro ano da licenciatura até às pós-graduações pretende proporcionar aos alunos experiências que não poderiam ser vividas com doentes.

Do estudo através de livros, durante largos anos, passamos à aprendizagem prática com robôs. “Imaginemos que temos 12 alunos, colocamos um som a sair do manequim e, ou ouvem em conjunto, ou então têm que o auscultar”, exemplifica Eduarda Amadeu, responsável pelo CBS e anestesiologista do Hospital de Santo António. É possível, assim, aos estudantes aprender a associar determinada forma de batimento cardíaco a uma doença. “Este simulador ajuda imenso, porque nem sempre temos doentes com as doenças que queremos ensinar aos alunos”. Este simulador é único no país.

Para treino de situações de emergência, por exemplo, o centro conta com um manequim de alta fidelidade que pode simular todo o tipo de patologias. O SimMan3G está ligado a um computador que é a base de todo o trabalho. Com um software é possível comandar este robô que fala, chora, transpira, tosse em simulação de situações passíveis de acontecer na vida real: “Podemos programar o robô para uma situação em que o doente precisa de ventilação. Se o aluno não fez bem o procedimento necessário, podemos ir piorando a situação do ‘doente'”.

“O que nós vivemos é o que fica”

Técnicas de ventilação e entubação, treino do toque retal e vaginal, ou realização de ecografias abdominais estão entre os muitos aspetos de aprendizagem do centro. O objetivo é simular um ambiente de hospital, com direito a situações de consultas, por exemplo, que, no futuro próximo, poderão ser com doentes reais. “Os alunos entram, colocam os seus pertences nos cacifos e vêm como se fossem trabalhar, porque, no fundo, trata-se de uma área clínica”, descreve Eduarda Amadeu.

Vidros com visão unilateral são um dos muitos recursos do centro que vão ajudar na formação dos alunos que assistem ao trabalho dos colegas e discutem as situações. No centro existe um outro robô, a SimMom, para a simulação de partos, e é possível também treinar casos de enfermagem pediátrica. “O que nós vivemos é o que fica. E essa é a importância da simulação”, ressalva a responsável.

“O objetivo é avançar para a área da realidade virtual”

Está prevista a abertura do centro ao público para o desenvolvimento de ações de formação de suporte básico de vida ou treino de situações de emergência em ambulâncias. A aquisição de novos manequins e equipamentos é uma das prioridades. “O objetivo é avançar para a área da realidade virtual, porque o centro não é só para o ensino pré-graduado, mas também para os alunos de mestrado integrado e pós-graduação. Pretendemos dar formação em várias áreas da medicina”, remata.

Durante a lição inaugural que marcou também a abertura do ano letivo 2014/2015 no ICBAS, Paulo Macedo falou ao estudantes e enfatizou que “a melhor resposta a dar à crise é a formação”. “Nunca tivemos tantos portugueses, seja dentro ou fora do país, a serem reconhecidos e premiados”, destacou, acrescentando que estes prémios são responsáveis por investimentos deste tipo por parte das universidades.