O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto (UP), tem dois novos projetos de divulgação e proteção dos oceanos e das espécies que habitam neles. Os projetos “Biodiversidade do nosso mar” e “Poluição dos oceanos” pretendem aproximar a vida marinha da comunidade escolar, de forma a alertar para a conservação da fauna e da flora dos mares.

“É preciso perceber a importância de monitorizar as nossas praias”

Isabel Sousa Pinto, professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigadora do CIIMAR, é a coordenadora do projeto “Biodiversidade do nosso mar”. Este projeto surgiu no seguimento da investigação levada a cabo pela professora desde 2005 e tem como objetivo o “estudo da biodiversidade rochosa com escolas.”

A investigadora esclarece que este programa é um exemplo da chamada citizen science (ciência cidadã): “A ideia é, todos os anos, as escolas irem duas vezes por ano à mesma praia, para ver ao longo do tempo como é que ela vai mudando”. As visitas às praias servirão para identificar e quantificar os organismos que vivem nas zonas rochosas, dados que ficarão, posteriormente, disponíveis numa base de dados pública.

O CIIMAR alia-se a nove escolas, que se comprometem a acompanhar a vida marinha de perto e a registar a experiência: “Vamos ter duas amostragens, uma na Primavera e outra no Outono, para que se possam ver as diferenças, nomeadamente as espécies que aparecem e não aparecem”, explica Isabel Sousa Pinto.

A par da recolha científica de dados, o “Biodiversidade dos nossos mares” também vai promover duas conversas em cada uma das escolas com investigadores do CIIMAR. No que diz respeito a atividades abertas, haverá, em horário pós-laboral, uma palestra a que pais e professores poderão assistir e o “Bioblitz”, uma jornada de descoberta da praia para identificação de organismos durante uma maré, uma atividade que será aberta a toda a comunidade.

O projeto prevê, ainda, a criação de “escolas do mar”, instituições que vão destacar no seu programa a abordagem de temas relacionados com o mar. Além disso, haverá atividades multimédia, como jogos e vídeos para motivar a pesquisa de informação por parte dos alunos.

O culminar do projeto será a Feira do Mar, com atividades relacionadas com a vida marinha, em que serão premiados os vencedores dos jogos e feitos os agradecimentos às escolas participantes.

Segundo Isabel Sousa Pinto, a ideia principal que deve ficar do projeto é a “importância da biodiversidade marinha, dos problemas que recaem sobre ela e da importância de monitorizarmos as praias.”

“É necessário sensibilizar os mais jovens para uma mudança de comportamentos”

O projeto “Poluição dos oceanos” surgiu em 2014 e pretende chamar a atenção para os vastos problemas da poluição, devido à grande quantidade de poluentes identificados nos oceanos. José Teixeira, investigador do CIIMAR e coordenador do projeto, afirma a necessidade de sensibilizar os jovens para uma mudança de comportamentos: “É preciso haver uma alteração daquilo que podem fazer na sua vida corrente, de forma a que se possam alcançar as chamadas metas de bom estado ambiental das águas marinhas.”

O programa deste projeto é abrangente e interdisciplinar, mas foca-se em informar sobre a investigação relativa à poluição dos oceanos, nomeadamente a abordagem de problemáticas específicas como os metais pesados que se acumulam na cadeia alimentar, as marés negras e a ingestão de microplásticos por organismos marinhos. José Teixeira afirma que é importante que “os alunos testem hipóteses, através do pensamento científico.”

Serão, também, produzidos materiais de divulgação como jogos, painéis e vídeos que vão ser transpostos às redes sociais para que, numa linguagem acessível, os alunos possam ter oportunidade de saber mais sobre os riscos da poluição na vida marinha. Além disso, o projeto quer incentivar a produção de trabalhos sobre o tema que poderão ser expostos, mais tarde, nas escolas, e a participação em concursos que poderão levar os vencedores a visitar o Sea Life, o Pavilhão da Água e, até, a própria investigação do CIIMAR.

O projeto dá, ainda, ao público geral a oportunidade de participar através de iniciativas como um concurso de fotografia em parceria com a comunidade de fotografia online Olhares, o que vai permitir dissipar limitações geográficas ou relativas à faixa etária.

José Teixeira assegura que, apesar da massificação da poluição ao longo dos anos, há soluções para a progressiva degradação do meio marítimo: “Há novas soluções para os plásticos que se vão recolher da praia, que poderão servir para fazer esculturas, por exemplo. Coletivamente, é possível uma ação para se poder ultrapassar estes problemas”.