“Conflito, ontem e hoje” é o mote de todo o “Literatura em Viagem” (LeV), centrado no 70.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, que se realiza desde esta sexta-feira até à próxima segunda-feira, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos. A edição de 2015 gira em torno de várias conversas e diálogos, sempre com a literatura como elemento-chave.

Nesta sexta-feira, às 17h, o festival principia com a inauguração de duas exposições. Uma é “Cólofon”, que junta 500 capas de vários livros portugueses, no Museu da Quinta de Santiago, em Matosinhos, com o intuito de “desvendar a história do design gráfico e da ilustração em Portugal, ao longo do século XX”, explica a organização do certame. Já a outra mostra intitula-se “A viagem – retratos”. Trata-se de uma exposição de fotografia da autoria de Pedro Loureiro, onde as histórias dos fotografados são contadas só através dos rostos.

A conferência inaugural do LeV realiza-se horas mais tarde, às 21h30, com a presença do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio. “O seu discurso será uma surpresa. Não sabemos se será um discurso preparado, ou de improviso. O convite que lhe foi feito tem a ver com o facto de ele ser agora o alto secretário das Nações Unidas para as migrações. De algum modo acaba por estar ligado ao enfoque do festival, às viagens e aos conflitos”, adianta a organização do evento, ao JPN.

Gatos e cães

O encontro reúne escritores como o norte-americano Richard Zimler, o sul-coreano Kim Young-Há, o italiano Paolo Giordano, a espanhola Paloma Díaz-Mas, a holandesa Tessa de Loo, o romeno Catalin Dorian Florescu e também os catalães Marc Pastor, autor e criminologista, e Llucia Ramis, escritora e jornalista, o ensaísta polaco Artur Domoslawski, e o músico maiorquino Joan Miquel Oliver. Em língua portuguesa, o LeV conta com a presença de Gonçalo M. Tavares, Francisco José Viegas, Rui Tavares, Mário Cláudio, Joel Neto, Rui Cardoso Martins, Rui Vieira Nery, Pedro Abrunhosa e João Pereira Coutinho.

“Os conflitos ideológicos”, “O mal não é um lugar-comum”, “O individualismo é o sonho do mal”, “Escrever, marchar”, “Os conflitos interiores”, “O conflito ajuda à criatividade?”, a entrevista “Quantos conflitos se geram durante uma vida literária?” e “Entre o latido e o miado: conflitos ancestrais” são temas em análise, no sábado e no domingo, em Matosinhos. Este último será o único debate que fugirá do tema do “conflito de ordem militar”, revelou ao JPN Sérgio Almeida, moderador dessa mesa de debate.

O também jornalista do Jornal de Notícias afirma que nessa mesa “não se irá falar dos conflitos bélicos, mas antes da eterna rivalidade entre gatos e cães”. Os convidados para o debate “Entre o latido e o miado: conflitos ancestrais” serão os escritores Paloma Díaz-Mas, autora do livro “O que aprendemos com os gatos”, e Tessa de Loo, que, segundo Sérgio Almeida, “é uma aficionada por cães”. “Trata-se de um debate literário sobre essas duas figuras animais. O gato, por exemplo, sempre foi alvo de muita inspiração por parte de romancistas e poetas, pela sua independência e mistério característicos”, explica o jornalista.

Também haverá lugar para música no LeV, no próximo domingo, às 18h30, com um concerto do quarteto de Cordas de Matosinhos. “Literatura em viagem” é uma iniciativa também inserida no programa do “Senhor de Matosinhos – Festas da cidade”, a decorrer até dia 1 de junho.