A Escola da Palankinha é a escola primária nº 5052 do Bairro de Capalanca no Município de Viana, província de Luanda, em Angola. É também um projeto dinamizado pela Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES), uma ONGD portuguesa, e que vai agora iniciar a 2ª fase de requalificação.

Este projeto surge a partir dum pedido da comunidade, para que se melhorasse as condições de educação para as crianças daquela zona. “Esta era uma escola que já existia, que albergava muitos meninos, sem condições, não tinha água canalizada, não havia um muro a delimitar a escola, as pessoas entravam e saíam a qualquer altura”, explica ao JPN Nicole Ferreira, gestora da campanha da Escola da Palankinha.

A APDES começou por requalificar, arquitetonicamente, a escola cujo nome foi dado “pelos meninos que, carinhosamente, apadrinharam de escola da Palankinha”. Nessa primeira fase, a Agência aumentou as salas para que houvesse melhores condições para as crianças, dado que “havia meninos que não tinham uma carteira e uma cadeira, e que assistiam às aulas no chão”. Para além disso, também se fez uma biblioteca que não está só acessível aos alunos, mas também à comunidade envolvente da escola.

O foco da requalificação foi “começar por criar as condições de forma a que os meninos pudessem estudar de uma forma agradável, com as condições mínimas”, indica Nicole Ferreira.

Paralelamente a esta requalificação, a ONGD investiu também, de acordo com a gestora da campanha, numa “formação aos professores para a implementação de um modelo educativo inovador, que se baseia nos princípios de cidadania ativa, na participação da comunidade envolvente à escola, na promoção dos direitos humanos, etc”. O projeto quer também investir na comunidade e, por isso, “vai tendo uma série de ações satélite em que a escola promove várias iniciativas que beneficie a comunidade que está à volta da mesma”, conclui Nicole.

O desejo de continuar a investir na Palankinha permaneceu, e a ONGD não quis deixar de o fazer. “Como nós temos alguns constrangimentos de financiamento recorremos, quer à responsabilidade social das empresas, quer a certas formas criativas de angariar fundos”, conta a gestora da campanha.

Por isso mesmo, e com o objetivo de angariar fundos para uma segunda fase de requalificação, a APDES recorreu à Samsonite que, gentilmente, cedeu seis malas de viagem à ONGD.

As malas passaram depois pelas mãos de consagrados artistas de arte urbana portugueses que as ilustraram. Andy Calabozo, Chei Krew, Costah, Frederico Draw, gonçaloMAR e Laro Lagosta personalizaram as malas de viagem que estão agora em leilão para angariar fundos destinados à Escola da Palankinha.

Uma visão para o futuro das crianças da Palankinha

Frederico Draw partilha com o JPN que aceitou participar no projeto pelo cariz solidário do mesmo, e acredita que há, de facto, “projetos em que os artistas podem ajudar, de alguma forma, a sensibilizar ou a que coisas sejam feitas em prol de outros mais desfavorecidos ou carenciados”.

Para Frederico “a parte da educação é fundamental para qualquer criança” e a partir do momento em que soube que era para investir numa escola, não hesitou.

A ilustração do artista, segundo o próprio, foi baseada na figura humana, e na qual quis trabalhar com os mesmo materiais com que trabalha nas paredes: a lata do spray. Por isso mesmo “limitou-se a um elemento representativo” do seu trabalho, e desenhou um olho, ilustrando o olhar enquanto principal recurso de descoberta do mundo.

Também através do olhar, o artista considera que para os alunos da Palankinha e “uma vez que se está a falar de educação”, a sua ilustração poderá representar uma visão para o futuro de cada criança, e que cada uma delas possa ver nesta iniciativa uma oportunidade.

Uma esperança na mudança

Também Costah admite que foi com “grande prazer” que aceitou o convite, pelo facto de algo que ele “adora fazer” ser de ajuda para outros.

Segundo o artista, o seu desenho foi baseado, “essencialmente, em movimento, viagens, experiências”. Costah gosta de “pintar coisas fluídas” porque acredita que “a nossa vida está sempre em mudança e que nós temos de nos adaptar”. Por isso mesmo, o desenho de Costah, visível numa das malas, “representa a vida e o facto de as pessoas aceitarem novos projetos e novas situações”.

Aos alunos da Palankinha, o artista deixa um incentivo: “Acreditarem sempre num futuro melhor porque as coisas estão sempre em mudança, há sempre oportunidades que surgem e vai sempre haver esperança”.

Nicole Ferreira coloca a sua esperança nesta ação e deseja que esta possa dar “frutos suficientes para que este dinheiro seja aplicado na construção de casas de banho e num campo de jogos para os meninos conseguirem ter aulas de educação física, quer para continuar esta formação aos professores, para que haja cada vez mais professores a ter acesso a esta formação e a melhorar cada vez mais as suas competências”.

O leilão está a funcionar no portal eSolidar, um portal destinado a organizações sem fins lucrativos. Quem quiser ser parte da angariação de fundos basta licitar uma das malas e ir acompanhando o leilão para saber se é, ou não, a pessoa a ficar com a mala em que investiu. A base de licitação varia entre 150 e 200 euros, consoante o tamanho da mala.

O leilão começou na segunda-feira e termina dia 16 de maio.

Artigo editado por Sara Gerivaz