Projeto-piloto que promete transformar o sistema de bilhética arranca na segunda-feira no Porto. Protocolo com a FEUP foi assinado esta sexta-feira.

O teste vai começar na segunda-feira numa linha dos STCP, numa de um operador privado, no percurso da CP entre São Bento e a estação de Ermesinde e ainda na Linha Amarela do metro do Porto, que liga o Hospital de São João a Santo Ovídio.

Um conjunto de clientes, para já restrito, vai experimentar circular nestes transportes sem bilhete. Ou melhor, com o bilhete dentro do telemóvel. O objetivo é testar a solução que está a ser desenhada pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), que visa substituir o uso de bilhetes físicos.

Tudo através de uma aplicação móvel. A ideia é que o utente a descarregue para o seu smartphone e nesse momento associe uma modalidade de pagamento à aplicação. Depois, ao entrar no transporte, a aplicação deteta um “beacon” – uma tecnologia de localização – através do qual o cliente valida a viagem. Quando sai do autocarro, o utilizador fica fora do alcance desse “beacon” pelo que o sistema assume o fim da viagem.

Há um sistema central que regista as viagens, calcula o custo mínimo, aplicando as tarifas mais favoráveis ao utente, e retira o valor correspondente da conta do utilizador.

“Podermos passar a pagar as deslocações que fazemos, neste caso na Área Metropolitana do Porto e em particular na rede Andante, da mesma forma que pagamos a água, a luz e o telefone é uma revolução”, notou o ministro João Pedro Matos Fernandes esta sexta-feira no Porto depois de apresentado o projeto.

Na cerimónia, que teve lugar na estação de metro do Campo 24 de Agosto, no Porto, na qual foi assinado o protocolo entre a FEUP e os Transportes Intermodais do Porto, o responsável pela pasta do Ambiente quis ainda deixar o desejo que o sistema não fique fechado aos transportes agora envolvidos: “Não tenho dúvida que o desafio que foi lançado para este sistema é de não ser um sistema fechado. Não tenho dúvida que em breve também os táxis se podem pagar nesta rede”, sugeriu.

Na cerimónia tanto Matos Fernandes – que se formou naquela escola de Engenharia do Porto – como o diretor da FEUP falaram de riscos assumidos pelas partes, assumindo o desafio que a solução em causa constitui.

“Trabalhamos nestas áreas dos pagamentos móveis em transportes públicos talvez há uns 10 anos em diversos projetos de investigação, com diferents funcionalidades, diferentes abordagens, mas este é inovador e por isso terá os seus riscos”, confessou João Falcão e Cunha ao JPN à margem da cerimónia.

Jorge Moreno Delgado, presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, considerou, por sua parte, que este sistema constitui uma “mudança de paradigma nos transportes públicos” representando “um passo muito significativo na simplificação dos transportes”. “Segunda-feira marca o arranque de uma nova era nos transportes da Área Metropolitana do Porto”, sintetizou.

O ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes esteve esta sexta-feira no Porto para a apresentação de três projetos ligados aos transportes e à mobilidade: além do Andante Mobile, o alargamento do Wi-Fi a todos os veículos dos STCP e ainda a adesão de novos operadores ao Sistema Intermodal Andante.